Formada com Doutorado em Escrita nos EUA dá aulas de redação e escrita criativa para todas as ocasiões

Mais detalhes sobre Antonia

• 1) Tem quanto tempo que você possui interesse pela matéria que você leciona e por dar aulas particulares?

  Eu tenho interesse nesta matéria (Redação) desde o Ensino Fundamental. Lembro de estar na segunda série e perceber que sou ótima em escrever, tanto que fiz minha primeira prova e fui responsável a ajudar meus colegas com dificuldades a terminar a atividade também. Eventualmente, na quinta série, um trabalho criativo na aula de Português me deu destaque na turma e minha professora me aconselhou a entrar em concursos literários. Desde então nunca parei. Comecei a dar aulas particulares primeiro como professora de inglês durante a faculdade de jornalismo. Dei aulas para turmas e individuais até criar meu próprio curso. Inclusive dou aula de inglês até hoje pois tenho muita paixão pela didática e carinho pelos alunos.

• 2) Conte-nos um pouco sobre a matéria que você leciona: o que você mais você sente prazer em ensinar e o que, eventualmente, te agrada menos?

  Tenho sentimentos mistos em relação a isso pois o que eu mais gosto de ensinar é escrita criativa, mas é também o que é mais difícil por ser um tema com muitas nuances. E o que tenho mais facilidade para lecionar é escrita técnica/redação formal por ter uma metodogia mais fixa, o que pode tornar a matéria bem repetitiva para dar a não ser que seja bem personalizada. A escrita criativa é extremamente subjetiva, você não pode dizer que o tema de escolha do aluno é "ruim" ou "bom" a não ser que ele seja puramente descritivo em seu processo. Mas o que pode não me mover, pode mover a próxima pessoa. Então temos que ficar atentos em técnicas, com usar detalhes para o nosso favor, como criar personagens interessantes, cenários imersivos e conflitos claros... Nem sempre uma escrita bem feita é uma boa escrita. Já tive muitos alunos que passavam horas detalhando um cômodo, todas as suas lâmpadas e carpetes e descreviam os mais intrínsicos detalhes, mas nunca retomavam aos personagens com medo do que fazer com eles. E as vezes o autor tem uma ideia clara de quem seus personagens são e o que irão acontecer com eles mas não conseguem organizar o turbilhão de inspirações na página. Redação se trata de técnica. Mas escrita criativa também se trata de instinto. Além de termos que lidar com o óbvio- nossas inseguranças e travas mentais ao transformar o abstrato em físico no papel.

• 3) Qual(ais) é(são) seu(s) modelo(s) ou inspiração(ões)? Pode ser desde um professor até um artista ou obra que tenha te inspirado!

  No momento uma das minhas maiores inspirações é Liz Moore, minha mentora do doutorado. Ela é uma escritora bestseller internacional, tendo dois de seus livros como adaptações na Amazon Prime e Netflix. Durante o mestrado tivemos conversas longas sobre sua trajetória no ramo e Liz sempre foi uma pessoa genuina e tímida, porém muito persistente. Aprendi lições com ela pra vida toda, tanto técnicas quanto pessoais.

• 4) Quais são, na sua opinião, as qualidade necessárias para ser um excelente profissional na sua especialidade de ensino?

  Ter uma boa didática. Muitos professores têm conhecimento vasto, mas não sabem como passá-lo adiante. Ao dar aula temos que considerar a mensagem que está sendo passada, mas também a visão e experiência de quem está dando a mensagem e de quem está a recebendo. Se não considerarmos os interesses do aluno, as melhores formas em que ele aprende (visual, auditivo, cinestésico etc) e como podemos nos conectarmos com este aluno para que ele se importe com o que está sendo passado, iremos perdê-lo. A mensagem sozinha não funciona. Ela precisa ser receptiva.

• 5) Você teria alguma história e/ou curiosidade engraçada relacionada à sua profissão ou as aulas para compartilhar?

  Tenho várias de quando estava fazendo pesquisa para meu livro de crônicas não-fictícias, pois tive que entrevistar em torno de 100 candidatos buscando histórias engraçadas. O livro foca em lidar com a morte através do humor, então busquei candidatos com histórias unicas com momentos cômicos do tema. O processo além de ter sido divertido pois consegui ótimos relatos, foi engraçado pois nem todos entrevistados entenderam a proposta. Lembro de entrevistar uma senhora que passou duas horas numa ligação de vídeo comigo contando uma história assustadora sobre como ela viu uma assombração na casa onde morava. Ela quase tremia quando falava e estava tão imersiva na própria história que não tive oportunidade de interrompê-la e esclarecer que não era isso que eu procurava. Então deixei ela falar e falar e parecia que estávamos num confessionário pois tive que consolá-la no final!

• 6) Confesse pra gente, você também já passou por alguma dificuldade na escola/faculdade na matéria que você leciona...

  Durante o doutorado passei dificuldade por ser a única não-Americana e a mais nova no curso. Dei váarios bolas foras querendo participar demasiadamente nas aulas e mordia a língua quando jurava que entendia a referência mencionada, quando, por exemplo, se tratava de um autor que todos nos EUA lêem no fundamental. Aprendi muita humildade neste período e a importância de reconhecer minha ignorância para vencê-la.

• 7) Nos ajude a te conhecer um pouco melhor, conte-nos um pouco sobre suas paixões!

  Além de escrita e leitura, sempre fui puxada para as Artes no geral então amoo museus e gosto de pintar ocasionalmente de forma bem, mas bem amadora. Tenho coleções de materiais de aquarela, de tintas a óleo e acrílicas para pintar de modo meditativo. Além disso sou apaixonada pelo meu cachorro, meu melhor amigo Elvis, um Scottish Terrier.

• 8) O que faz de você um Superprof (além de ter respondido a esta entrevista 😛) ?

  Acredito que seja o que me fez entrar para didática. Ironicamente sempre gostei de escrever mas nunca me vi muito como professora no ensino médio, quando tive que escolher um caminho de carreira. Fui para psicologia inicialmente, pois queria achar uma forma de ajudar o próximo. Notei que com 17 anos eu não tinha a maturidade necessária par ao curso e resolvi trocar- mas não me via fazendo Letras. Para que eu pudesse fazer uma diferença e escrever fui, então para o Jornalismo,só para descobrir que ele estava em crise. Mas é aquela história: a vida acontece quando você está muito ocupado fazendo outros planos. Enquanto eu titubeava no que fazer da vida, comecei a dar aula apenas como bicos. Acontece que amei meus bicos. Dei aula de inglês para 5 instituições diferentes até filtrar bem o que eu queria e perceber que era dar aula para adultos. Publiquei meu livro assim que terminei a faculdade e fui para o doutorado onde tive experiência dando aula de escrita. Eu não escolhi ser professora, mas o ramo que me escolheu. Tentei ser outras coisas, mas todos os caminhos acabavam me levando a este. E percebi que tenho grande instinto para a coisa. Adoro falar em público, me conectar com cada aluno e entender suas necessidades (mentais e físicas) para que todos tenham uma educação justa e democrática. Ser professor é uma grande responsabilidade. Uma responsabilidade da qual eu fugia por anos. Agora não posso negar mais. Sou sim uma professora, e se me permitem dizer, uma superprofessora.