A imigração italiana entre os séculos XIX e XX teve impacto em diversos aspectos da sociedade brasileira. Das suas inúmeras contribuições, podemos citar:
- O enraizamento do catolicismo, incorporando elementos italianos na religião brasileira, etc. (festas, santos de devoção, práticas religiosas).
- O idioma italiano, o uso do “tchau” (ciao) em todo o Brasil,
- O sotaque que se manifesta em muitas cidades (sobretudo na cidade de São Paulo, o sotaque paulistano), na Serra gaúcha, no sul catarinense e no interior do Espírito Santo.
- Diversas receitas italianas foram incorporadas nos hábitos culinários brasileiros, como o panetone no Natal, comer pizza e espaguete (principalmente no Sudeste), além da polenta frita.
- A introdução de novas técnicas agrícolas (Minas Gerais, São Paulo e no Sul).
- ...E muito mais.
Neste artigo você vai conhecer os principais elementos que constituem a história da imigração italiana no Brasil.
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Influências da língua italiana no quotidiano

Pode-se afirmar que de 1870 até hoje a influência italiana no Brasil chegou a ultrapassar a influência portuguesa, uma vez que os registros de imigração apontam para que haja mais entrada de pessoas de nacionalidade italiana (34% do total) que de nacionalidade portuguesa (28%). Todas as outras nacionalidades juntas (espanhóis, japoneses, alemães, sírios/turcos etc) somam os 38% restantes.
Um processo imigratório de tamanha importância só poderia trazer marcas culturais e linguísticas profundas à sociedade brasileira; uma delas é no idioma nacional do Brasil.
Segundo Pacheco Júnior, autor de "Gramática Histórica da Língua Portuguesa", cerca de 300 palavras italianas foram incorporadas ao português falado no Brasil. São exemplos: cantina, caricatura, fiasco, bravata, poltrona, alegro, aquarela, bandolin, camarin, concerto, maestro, piano, serenata, alarme, boletim, carnaval, confete, macarrão, mortadela, salsicha, além, é claro, do "ciao", tranformado em "tchau".
Podemos citar a influência do italiano em diferentes áreas:
- Gastronomia: espaguete, macarrão, panetone, pizza, polenta e risoto...
- Música: arpejo, batuta, cantata, contralto, maestro, partitura, piano, sonata e violoncelo...
- Artes e arquitetura: aquarela, esboço, desenho, esfumar, têmpera, paleta, siena e magenta; baeta, brocado, feltro, tafetá e mussolina...
- Elementos tipicamente italianos: doge, fascismo, gôndola, máfia, mezanino, ópera e tômbola.
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A herança italiana no cotidiano brasileiro

Como citado mais acima, existem muitos costumes e tradições italianos que continuam fortemente presentes na sociedade brasileira. Muitas colônias italianas fazem questão de preservar e celebrar essas tradições.
Nas festas tradicionais que acontecem nas diferentes cidades do Brasil, é possível celebrar a cultura italiana por meio de música, dança, religião, culinária e muita conversa.
O site Comunidade Italiana selecionou algumas das festas mais tradicionais italianas:
Festa de Nossa Senhora Achiropita
O evento é realizado no bairro do Bixiga, uma das regiões que mais tem imigrantes italianos em São Paulo. A entrada é gratuita e será realizada entre os dias 5 de agosto e 3 de setembro.
Festa de São Vito
Esta celebração acontece tradicionalmente do dia 21 de maio a 3 de julho no Brás, em São Paulo. A festa italiana é organizada pela Associação Beneficente São Vito Mártir e reúne milhares de pessoas para comemorar o dia de São Vito, que é festejado no dia 15 de junho.
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Festa da Paróquia de Nossa Senhora de Casaluce
Considerada a mais antiga da cidade de São Paulo, a celebração acontece desde 1900 no Brás. São diversas barracas de comidas, bebidas e doces típicos italianos, inclusive com shows e apresentações gratuitas. Neste ano, a festa foi realizada entre 29 de abril e 28 de maio.
Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul
Realizada na serra gaúcha é uma das tradições, em homenagem aos primeiros imigrantes, que a cidade mantém a cada dois anos, no mês de fevereiro. A principal atração é o vinho produzido pelas vinícolas locais. Neste ano, a tradição de mais de duas décadas foi quebrada e o evento foi adiado para fevereiro de 2019, interrompendo a sequência de a cada dois anos.
Festa Italiana de São Caetano do Sul
A festa é o evento mais tradicional de São Caetano do Sul e já passou da 20ª edição. Cada uma das 24 regiões do país europeu tem sua representação na maior festividade gastronômica e temática do ABC Paulista. A Comissão de Festejos da cidade é responsável pela organização, que neste ano terá início no dia 5 de agosto.
A culinária ítalo-brasileira

Devido à sua simplicidade, seus sabores mediterrâneos e sua popularidade, a gastronomia italiana conseguiu se democratizar no Brasil e hoje já integra o dia a dia dos brasileiros. Famosa por sua simplicidade, essa cozinha tem como principal característica a utilização de ingredientes frescos e ser de fácil preparo.
As massas podem ser consideradas como as estrelas do cardápio ítalo-brasileiro. Você sabia que a famosa pasta carbonara é uma das receitas mais executadas nos quatro cantos do mundo?
Nos estados de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul, por conta da forte influência dos imigrantes do norte da Itália – especialmente das regiões do Vêneto e Lombardia –, a lasanha, o capelete e a minestra, além da polenta e do risoto, são pratos muito populares.
Já em São Paulo, a influência dos calabreses, apulienses e campânios pode ser percebida pelo vasto número de cantinas e pizzarias e também nas festas dedicadas aos santos, como Nossa Senhora Achiropita e San Vito, onde as mammas preparam delícias gastronômicas.
Lugares do Brasil com maior influência da imigração Italiana

Com a crise que acontecia na Itália em meados dos séculos XIX e XX, muitos camponeses decidiram partir para nosso país e trabalhar nas lavouras do território brasileiro, sobretudo nas regiões Sudeste e Sul. Essa campanha imigratória funcionou bem porque ambos os países tinham interesses em comum. Por um lado, o Brasil precisava de mão de obra agrícola no período pós-abolição, por outro, a Itália precisava recompor suas famílias financeiramente depois da recessão.
Entre 1887 e 1978, das 2,5 milhões de pessoas que passaram pela antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, mais de 700 mil vinham da Itália.
Partindo do porto de Gênova, a expedição de Pietro Tabacchi no La Sofia chegou ao Espírito Santo há 145 anos e marcou o início do processo de migração em massa dos italianos para o Brasil. Os primeiros 386 imigrantes que chegaram por aqui deram origem a uma grande colônia italiana.
Apenas seis estados brasileiros concentraram a quase totalidade da imigração italiana no Brasil:
- São Paulo: recebeu imigrantes de diversas regiões da Itália. A maioria deles veio para trabalhar nas fazendas de café.
- Rio Grande do Sul: nem todas as colônias foram bem sucedidas nessa região, outras, por sua vez, deram muito certo, como no caso das colônias que deram origem às cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias.
- Santa Catarina: em sua grande maioria, os italianos foram direcionados para as colônias alemãs e foram discriminados e explorados.
- Paraná: as colônias próximas à capital, Curitiba, prosperaram com o trabalho na construção de ferrovias para escoar os alimentos produzidos no sul do país.
- Minas Gerais: a mão-de-obra italiana no estado foi aproveitada para realização de obras públicas ao redor da capital mineira e algumas fazendas de café do sul de Minas.
- Espírito Santo: a presença de imigrantes italianos foi grande e prospera até 1920.
Grandes personalidades italianas influentes no Brasil

Na arte, na música, na cozinha, na política, nas línguas.... a presença da Itália também pode ser contada pelas personalidades ítalo-brasileiras influentes.
Entre as muitas pessoas que sofreram influência da herança da migração italiana, podemos citar:
Candido Portinari
Portinari é considerado um dos mais importantes pintores brasileiros de todos os tempos, sendo o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.
Nascido em 1903, numa fazenda de café perto do pequeno povoado de Brodowski, em São Paulo, é filho de imigrantes italianos, de origem humilde e teve uma infância pobre. Desde criança manifestou sua vocação artística, começando a pintar aos 9 anos. E – do cafezal às Nações Unidas – ele se torna um dos maiores pintores do seu tempo.
Formado pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Portinari viaja para Paris em 1928 e por lá permanece dois anos. A distância do Brasil foi decisiva no que tornaria sua obra: o pintor decide retratar seu país – a história, o povo, a cultura, a flora, a fauna... Seus quadros, gravuras, murais revelam a alma brasileira.
Entre as suas obras mais conhecidas, destacam-se:
- painéis Guerra e Paz, 1953-1956
- O Lavrador de Café, 1939
- Mestiço, 1934
- Os retirantes, 1944
- Café, 1935
- Criança morta, 1944
- Menino com carneiro, 1953
Anita e Giuseppe Garibaldi
Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi, foi uma revolucionária catarinense conhecida por participar da revolta dos Farrapos e da campanha de unificação da Itália, juntamente com seu marido revolucionário Giuseppe Garibaldi.
Em 1842 o casal legaliza sua união ainda no Uruguai, e cinco anos mais tarde parte para a Itália, juntamente com seus três filhos. Continua em batalha ao lado do marido na unificação do país da bota, comprovando sua coragem e bravura, em ocasiões como a Batalha do Gianicolo.
Presenciou com o marido a proclamação da República Romana, mas a invasão franco-austríaca obrigou-os a abandonar a cidade. Com febre e perseguida pelo exército austríaco, foi transportada às pressas à fazenda Guiccioli, próximo a Ravena, onde morreu junto com seu quinto filho. Anita Garibaldi continua sendo até hoje símbolo de dedicação e coragem na história do Brasil.
Adoniran Barbosa
Adoniran é conhecido nacionalmente como o pai do samba paulista. Filho de imigrantes italianos da localidade de Cavárzere, província de Veneza, João Rubinato (Adoniran Barbosa é seu nome artístico) tem uma infância modesta ao lado de seus sete irmãos.
Foi na década de 1950 que suas composições musicais alcançam grande popularidade. O seu primeiro sucesso como compositor vira canção muito conhecida nas rodas de samba e nas casas de espetáculo: "Trem das Onze". A música, que já havia sido gravada pelo autor em 1951 e não fizera sucesso ainda, é regravada novamente pelo grupo “Demônios da Garoa”. Depois dela, muitas outras se popularizam e hoje estão na boca de todos brasileiros:
- 1953 - Samba do Arnesto
- 1955 - As mariposas
- 1956 - Iracema
- 1951 - Saudosa maloca
- 1952 - Joga a chave
- 1960 - Prova de carinho
- 1960 - Tiro ao Álvaro
- 1968 - Mulher, patrão e cachaça
- 1968 - Vila Esperança
- 1969 - Despejo na favela
Como marca principal da sua obra, o humor e a observação da linguagem e dos fatos trágicos do cotidiano: isso faz dele um sambista ao mesmo tempo tradicional e inovador.



















Muito bom o seu conteúdo. Parabéns!!!