A termodinâmica é o ramo da física que estuda as relações entre calor, trabalho e energia, buscando entender como essas formas de energia se transformam e influenciam o comportamento da matéria.

Ela é usada para explicar desde o funcionamento de motores e usinas até fenômenos naturais, como a evaporação da água ou a variação de temperatura do corpo humano.
Entre seus principais conceitos estão a energia interna, o calor, o trabalho, a entropia, a entalpia e a energia livre de Gibbs, todos regidos pelas leis da termodinâmica, que descrevem a conservação e a direção das transformações energéticas.
Sou Daiane de Souza, jornalista e técnica em Química pelo Instituto Federal Catarinense (IFC), e hoje vou falar mais sobre o que é a termodinâmica, seus princípios e como ela está presente em praticamente todos os processos físicos e químicos que acontecem ao nosso redor!
Continue a leitura com a gente!
Leis da termodinâmica e suas aplicações na prática
As leis da termodinâmica são princípios que explicam o comportamento da energia e do calor nos sistemas físicos.
| Lei da Termodinâmica | Descrição (como funciona) | Exemplo prático diferente |
|---|---|---|
| Lei Zero da Termodinâmica | Estabelece que, se dois corpos estão em equilíbrio térmico com um terceiro corpo, então também estão em equilíbrio térmico entre si. Essa lei define o conceito de temperatura e permite o uso de termômetros. | Termômetro clínico: quando colocado em contato com o corpo humano, atinge equilíbrio térmico e mostra a temperatura do paciente. |
| Primeira Lei da Termodinâmica | Determina que a energia total de um sistema isolado é constante; a energia pode ser transformada (por exemplo, de calor em trabalho), mas nunca criada ou destruída. | Aquecimento de uma panela de pressão: o calor fornecido aumenta a energia interna da água e do vapor, gerando pressão e cozimento mais rápido. |
| Segunda Lei da Termodinâmica | Afirma que a entropia de um sistema isolado tende sempre a aumentar; em outras palavras, a energia se dispersa e os processos naturais são irreversíveis. | Derretimento do gelo no ambiente: o calor do ar se transfere ao gelo, que derrete naturalmente — o processo ocorre de forma espontânea e não pode ser revertido sem gasto de energia. |
| Terceira Lei da Termodinâmica | Diz que, ao se aproximar do zero absoluto (0 K ou -273,15°C), a entropia de um sistema puro e perfeitamente ordenado se aproxima de zero. É o limite teórico da ausência completa de movimento molecular. | Experimentos criogênicos: ao resfriar gases como hélio líquido a temperaturas próximas do zero absoluto, o movimento das partículas quase cessa, permitindo estudar supercondutividade. |
Elas regem desde o funcionamento de motores e geladeiras até processos biológicos e químicos, sendo necessárias para compreender como a energia se transforma e se conserva no universo.
Primeira lei da termodinâmica
A primeira lei, também chamada de lei da conservação da energia, estabelece que a energia não pode ser criada nem destruída, apenas transformada de uma forma em outra.
Em termos matemáticos, ela é expressa como: ΔU = Q - W, onde ΔU representa a variação da energia interna de um sistema, Q é o calor fornecido ao sistema e W é o trabalho realizado por ele.
Um exemplo prático é o motor de combustão: a energia química do combustível é convertida em energia térmica (calor), que por sua vez é transformada em energia mecânica (movimento). Da mesma forma, em um processo de aquecimento de água, o calor fornecido pelo fogão aumenta a energia interna do líquido, elevando sua temperatura.
Segunda lei da termodinâmica
A segunda lei trata da irreversibilidade dos processos naturais e introduz o conceito de entropia, que mede o grau de desordem de um sistema. Ela afirma que o calor flui espontaneamente do corpo mais quente para o mais frio e que é impossível converter toda a energia térmica em trabalho útil.
Na prática, essa lei explica por que nenhuma máquina térmica é 100% eficiente. Por exemplo, em um motor a gasolina, parte da energia do combustível é inevitavelmente perdida em forma de calor para o ambiente.
Outro exemplo é a geladeira, que transfere calor do interior (mais frio) para o exterior (mais quente) utilizando energia elétrica, um processo que só ocorre com o gasto de trabalho.
Temperatura e calor
A temperatura é uma medida da agitação das partículas de um corpo, enquanto o calor é a energia em trânsito entre corpos que possuem temperaturas diferentes. Ou seja, o calor flui de regiões mais quentes para mais frias até atingir o equilíbrio térmico.
No cotidiano, isso é observado quando colocamos gelo em um copo de suco: o calor flui do líquido para o gelo, que derrete, enquanto a bebida esfria.
Aplicações práticas das leis
Na engenharia, são usadas no desenvolvimento de turbinas, caldeiras e sistemas de refrigeração. Na biologia, explicam como o corpo humano converte energia química dos alimentos em movimento e calor.
Na indústria, são importantes em processos de geração de energia, produção de materiais e controle de temperatura.
Calorimetria: o que é, quais os conceitos, e muito mais!
A calorimetria é o ramo da física térmica que estuda as trocas de calor entre corpos e sistemas, permitindo medir e compreender como a energia térmica é transferida de um corpo para outro.
O nome vem do latim calor (calor) e do grego metron (medida), ou seja, “medida do calor”. Seu principal objetivo é quantificar a quantidade de calor envolvida em processos físicos, químicos ou biológicos: como aquecimento, resfriamento, fusão, ebulição e reações químicas.
O estudo da calorimetria é importante em diversas áreas da ciência e da engenharia, pois ajuda a compreender como a energia térmica influencia os materiais e suas transformações.
Na química, por exemplo, é usada para determinar o calor liberado ou absorvido em uma reação; na biologia, ajuda a medir o metabolismo energético; e na engenharia, é aplicada no cálculo de efetividade de motores e sistemas térmicos.
Conceitos da calorimetria
A base da calorimetria está na lei da conservação da energia, que afirma que a energia não se cria nem se destrói — apenas se transforma.
Assim, quando dois corpos a temperaturas diferentes entram em contato, o corpo mais quente cede calor, e o mais frio recebe calor, até que ambos atinjam o equilíbrio térmico, ou seja, a mesma temperatura.
O calor (Q) é a energia em trânsito, transferida entre corpos devido à diferença de temperatura. Ele é medido em joules (J) no Sistema Internacional (SI), embora também possa ser expresso em calorias (cal), onde 1 cal = 4,18 J.
Outro conceito é o de calor específico (c), que indica a quantidade de calor necessária para elevar em 1°C a temperatura de 1 grama de uma substância. Cada material possui um valor de calor específico — por exemplo, a água tem um dos mais altos, o que explica por que ela demora para aquecer ou esfriar.
Principais fórmulas utilizadas
A principal fórmula da calorimetria é:
Q = m · c · ΔT
Onde:
- Q = quantidade de calor (J)
- m = massa da substância (kg ou g)
- c = calor específico (J/kg°C)
- ΔT = variação de temperatura (Tfinal – Tinicial)
Essa equação é usada em processos onde há variação de temperatura sem mudança de estado físico.
Nas mudanças de estado, usa-se:
Q = m · L
Em que L é o calor latente, ou seja, a quantidade de calor necessária para mudar o estado físico de uma substância sem alterar sua temperatura.
O calorímetro e suas aplicações
O calorímetro é o instrumento usado para medir a quantidade de calor trocada em um sistema. Ele é projetado para minimizar a perda de calor para o ambiente, garantindo medições mais precisas.
Existem diversos tipos, desde os simples, usados em laboratórios escolares, até os sofisticados calorímetros de bomba, empregados na indústria e na pesquisa científica.
Por meio dele, é possível calcular o calor envolvido em reações químicas, mudanças de estado físico e processos metabólicos, como a quantidade de energia liberada pela queima de combustíveis ou pelo corpo humano durante a digestão.
Importância da calorimetria no cotidiano e na ciência
A calorimetria está presente em inúmeras situações do dia a dia. Quando cozinhamos, refrigeramos alimentos ou utilizamos aparelhos como fornos e geladeiras, estamos aplicando conceitos de trocas de calor.

Na medicina, a calorimetria é usada para medir o gasto energético de pacientes; na engenharia, serve para calcular a efetividade térmica de sistemas; e na indústria alimentícia, ajuda a determinar o valor calórico dos alimentos.
O que é entalpia? Entenda finalmente esse conceito!
A entalpia (H) é uma grandeza termodinâmica que representa o conteúdo total de energia de um sistema, incluindo tanto sua energia interna (U) quanto o trabalho necessário para deslocar o ambiente e manter a pressão constante.
Ela é expressa pela equação:
H = U + p·V, onde U é a energia interna, p é a pressão e V é o volume.
A entalpia é importante em processos realizados a pressão constante, como a maioria das reações químicas em laboratório e na natureza. Nesse caso, a variação de entalpia (ΔH) indica quanto calor é absorvido ou liberado pelo sistema:
- ΔH > 0: a reação é endotérmica, ou seja, absorve calor do ambiente;
- ΔH < 0: a reação é exotérmica, ou seja, libera calor para o ambiente.
Por exemplo, a combustão de um combustível é um processo exotérmico — libera energia em forma de calor e luz. O derretimento do gelo é endotérmico, pois o sistema precisa absorver calor para quebrar as ligações entre as moléculas de água sólida.
A entalpia também é usada para estudar mudanças de estado físico e reações químicas complexas, como as de combustão, neutralização e formação.
Um dos conceitos derivados mais importantes é a entalpia de formação (ΔHf), que indica a quantidade de energia envolvida na formação de um mol de substância a partir de seus elementos simples.
Outro é a entalpia de combustão (ΔHc), que mostra a energia liberada quando um combustível é completamente queimado.
O que é a entropia na termodinâmica?
A entropia (S) é um dos conceitos mais fascinantes da termodinâmica, pois está diretamente relacionada à desordem, espontaneidade e irreversibilidade dos processos naturais. Em termos simples, ela mede o grau de dispersão da energia em um sistema.
Quando a energia se espalha de forma mais uniforme, a entropia aumenta. Por isso, diz-se que a entropia é uma medida da tendência natural da energia a se distribuir, tornando os sistemas mais desordenados.
Matematicamente, a variação de entropia é expressa por:
ΔS = Qrev / T, onde Qrev é o calor trocado de forma reversível e T é a temperatura absoluta.
A entropia está intimamente ligada à segunda lei da termodinâmica, que afirma que, em qualquer processo espontâneo, a entropia total do universo sempre aumenta.
Deste modo, explica por que certos fenômenos ocorrem em um único sentido — como o derretimento do gelo, a difusão de um perfume ou a mistura de gases —, já que todos tendem a aumentar a desordem.
Quando um sistema tem alta entropia, significa que suas partículas estão mais desorganizadas e a energia está mais dispersa; quando tem baixa entropia, as partículas estão mais ordenadas e a energia, mais concentrada.
Por exemplo, o gelo sólido possui baixa entropia, pois suas moléculas estão organizadas em uma estrutura cristalina. Quando ele derrete, a entropia aumenta, já que as moléculas passam a se mover livremente na forma líquida.
A entropia também está presente em sistemas biológicos e tecnológicos. No corpo humano, ela explica a irreversibilidade das reações metabólicas. Em computadores, o conceito é usado na teoria da informação para medir o nível de incerteza de uma mensagem.

Portanto, a entropia é um indicador do sentido natural das transformações energéticas e uma das bases que definem o comportamento do universo. Junto com a entalpia e a energia livre de Gibbs, ela forma o tripé para compreender como a energia se conserva, se dispersa e se transforma nos processos físicos e químicos que regem o nosso cotidiano.
Energia livre de Gibbs: a definição completa e fácil de entender
A energia livre de Gibbs (G) é uma grandeza da termodinâmica que indica a quantidade de energia disponível em um sistema para realizar trabalho útil, principalmente em processos que ocorrem sob temperatura e pressão — condições muito comuns em reações químicas e fenômenos biológicos.
Ela é definida pela equação:
G = H – T·S,
onde:
- G é a energia livre de Gibbs;
- H é a entalpia (conteúdo total de energia do sistema);
- T é a temperatura absoluta (em kelvin);
- S é a entropia (grau de desordem do sistema).
Essa relação mostra que a energia livre depende de dois fatores principais: o conteúdo total de energia (entalpia) e o grau de dispersão dessa energia (entropia).
A variação da energia livre (ΔG) é o que realmente importa na prática, pois permite prever se uma reação química será espontânea ou não:
- Se ΔG < 0, a reação é espontânea, ou seja, ocorre naturalmente, liberando energia;
- Se ΔG > 0, a reação é não espontânea, necessitando de energia externa para acontecer;
- Se ΔG = 0, o sistema está em equilíbrio, sem tendência a mudar.
Por exemplo, a combustão de combustíveis e a respiração celular são processos espontâneos com ΔG negativo — liberam energia que pode ser utilizada para gerar movimento ou realizar trabalho.
A fotossíntese, que requer energia solar para converter dióxido de carbono em glicose, é um processo com ΔG positivo.
A energia livre de Gibbs também é aplicada na engenharia química, bioquímica, física e indústria energética, pois ajuda a determinar a eficiência das reações e o rendimento dos processos. Em sistemas biológicos, por exemplo, é ela que explica como as células obtêm energia através da quebra de moléculas de ATP (adenosina trifosfato).
O que é a energia interna na termodinâmica?
A energia interna (U) é uma das grandezas mais importantes da termodinâmica, representando a soma de todas as formas de energia microscópica contidas em um sistema. Ela inclui tanto a energia cinética das partículas (devido ao movimento) quanto a energia potencial (devido às interações entre elas).
Em termos simples, a energia interna é o conteúdo energético total de um sistema no nível atômico e molecular. Ela não pode ser medida diretamente, mas é possível determinar sua variação (ΔU) por meio da primeira lei da termodinâmica, expressa pela equação:
ΔU = Q – W,
onde:
- Q é o calor trocado com o ambiente;
- W é o trabalho realizado.
Essa relação mostra que a energia interna aumenta quando o sistema recebe calor ou sofre compressão, e diminui quando realiza trabalho ou perde calor.

A energia interna está presente em todos os processos de aquecimento, resfriamento, compressão, expansão e mudança de estado físico. Em gases ideais, ela depende apenas da temperatura: quanto maior a temperatura, maior a energia interna, pois as partículas se movem mais rapidamente.
Por exemplo, ao aumentar a pressão em um cilindro de gás, o trabalho realizado sobre o gás eleva sua energia interna, fazendo com que ele aqueça. Durante a expansão, o gás realiza trabalho sobre o ambiente, diminuindo sua energia interna e temperatura.
Na prática, a energia interna serve para compreender o funcionamento de motores térmicos, usinas, refrigeradores e processos químicos. Ela explica como a energia se transforma em trabalho, calor e movimento, obedecendo à lei da conservação da energia.
Portanto, enquanto a energia livre de Gibbs indica a parcela de energia capaz de gerar trabalho útil, a energia interna mostra a soma total de energia armazenada no sistema.
E então, mais alguma dúvida sobre o que é termodinâmica?


















