"Ser ou não ser - eis a questão:
Hamlet , Ato 3, Cena 1
se é mais nobre na mente sofrer
As fundas e flechas da fortuna ultrajante,
Ou pegar em armas contra um mar de problemas
E opondo-se a eles."
É chegada aquela hora durante as aulas particulares de língua portuguesa quando o professor particular começa a falar sobre gêneros literários... Nossa, uma tragédia, não é mesmo? Mas a verdade é que a tragédia na literatura é um drama! Não ajudou muito? Pois vamos te explicar direitinho o que queremos dizer!
Sempre com o intuito de te ajudar a melhorar sua experiência escolar, Superprof preparou esta matéria sobre o gênero da tragédia na literatura para que você possa ter sucesso nas aulas de portugues, sejam elas de preparação para o Enem, para concursos, para vestibulares ou simplesmente de reforço escolar.
Confira ainda um guia sobre gêneros da literatura.
O que os professores de português ensinam sobre o trágico na literatura?
O que é tragédia na literatura?
A tragédia na literatura é considerada como um gênero literário. No entanto, ela está incluída dentro do gênero dramático, juntamente com a comédia, a tragicomédia e a farsa. Sendo assim, para ficar mais claro, podemos visualizar o gênero trágico como sendo um subgênero do drama. Ou seja, quando falamos de tragédia ou de comédia estamos, na verdade, falando de um drama trágico ou um drama cômico, por exemplo.
Características da tragédia literária
A tragédia é um gênero textual que conta a história de um herói, sendo ele o personagem principal da trama. Nela, o herói é derrubado por suas próprias falhas, geralmente falhas humanas comuns tais como ganância, ambição excessiva ou mesmo excesso de amor, honra ou lealdade.
A trama da tragédia começa, normalmente, com o herói trágico em seu auge. Ele é bem-sucedido, respeitado e feliz. No entanto, esta falha trágica acabará por causar sua queda.
Será que o trágico pode ser maravilhoso?
Normalmente, o enredo da história segue uma descida gradual da grandeza à destruição deste personagem principal. É importante ressaltar que, na maioria das vezes, o herói acaba isolado de todos os seus amigos e companheiros.
No final, sentimos profunda tristeza e pena (também chamada de pathos) pelo herói, além sentirmos um senso de compreensão. Isso porque, no final das contas, a história é desenvolvida de maneira a alertar os espectadores sobre as falhas comuns que derrubaram o herói e que podem, igualmente, derrubar qualquer outra pessoa dentro da sociedade.

Resumindo, a tragédia é um gênero literário e uma forma de drama teatral em que o sofrimento humano é enfatizado por meio de repetidos infortúnios.
E se você perguntasse para o seu professor de português se o trágico e o satírico têm algo em comum?
Elementos que compõem um texto trágico
São vários os elementos que compõem uma tragédia dramática. De acordo com o site Brasil Escola, esses principais elementos são:
- "Protagonista: personagem central da ação dramática.
- Antagonista: personagem que se opõe ao protagonista.
- Coro: conjunto de atores que comentam a ação ao longo da peça.
- Catarse: do grego, significa “purificação”, purgação experimentada pelo público de uma tragédia, o qual poderia apaziguar suas angústias internas por meio das emoções representadas nas cenas."
Origem da tragédia
O mais provável é que a tragédia tenha surgido na Grécia Antiga por volta do século V a.C.
Estudos históricos apontam que ela se originou de rituais envolvendo cantos e danças dedicados ao deus grego Dionísio.
Segundo o site Wikipedia, "dizia-se que estas apresentações etilizadas e extáticas foram criadas pelos sátiros, seres meio bodes que cercavam Dionísio em suas orgias, e as palavras gregas τράγος, tragos, (bode) e ᾠδή, odé, (canto) foram combinadas na palavra tragosoiodé (algo como "canções dos bodes"), da qual a palavra tragédia é derivada. No sentido vulgar, tragédia, desgraça e drama são sinônimos."
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O herói trágico
Tanto a literatura, quanto filmes e peças de teatro estão cheios de heróis. Diferentemente do que somos levados a pensar dentro de um senso comum sobre herói e heroismo na contemporaneidade, o herói trágico não é um protagonista perfeito. Ele é um personagem virtuoso com falhas que podem ser mesmo fatais, e vão levá-lo à derrota e ao sofrimento ao longo da trama.
Aristóteles, conhecido filósofo da Grécia Antiga, ficou famoso por classificar as características de um herói trágico clássico. Em sua classificação, tal personagem precisava atender a alguns critérios:
- Ser virtuoso;
- Possuir uma falha trágica;
- Ser torturado;
- Evocar uma resposta do público (espectador);
- Terminar sua jornada com a morte.

O virtuosismo do herói
Um herói trágico clássico deve ser uma pessoa boa e nobre de alta estatura. Suas características nobres o torna atraente, enquanto sua estatura garante que suas decisões sejam de longo alcance.
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A falha trágica
Todo herói trágico clássico deve ter uma falha trágica. Na literatura clássica, esse era tipicamente o seu orgulho. Embora o orgulho possa ser uma coisa boa, quando excessivo prova ser fatal para seu caráter.
O herói torturado
Heróis trágicos normalmente sofrem de uma horrível má sorte ou estão fadados a fazerem más escolhas. A maneira como eles manipulam esta sorte leva sempre ao sofrimento. Eles sofrem e são torturados não são externamente, mas também interiormente pela consciência, levando a um duplo golpe.
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A resposta do público
Como o herói trágico é um bom personagem, o público sente o infortúnio e sofre junto com ele. Isso se chama catarse.
A morte do herói
Normalmente, mas nem sempre, heróis trágicos morrem. Se eles não morrem, eles experimentam um grande sofrimento.
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A importância do gênero trágico literário
As tragédias eram utilizadas antigamente para apresentar lições de moral, entreter o público ou ambos, na maioria das vezes, através de encenações teatrais. Historicamente falando, o público adora tragédias e o gênero dramático continua a ser popular nos dias de hoje.
As tragédias transmitem ao público uma sensação de catarse que proporciona um alívio às emoções reprimidas. A vida leva ao inevitável armazenamento de emoções negativas e, de acordo com o filósofo Aristóteles, as tragédias ajudam a processar essas experiências negativas, assim como a liberar a negatividade remanescente.
Além de processar a negatividade individualmente, o público pode aprender lições morais no formato de uma peça de teatro. Entretenimento e ensino combinam-se, assim, para informar aos espectadores os perigos das falhas humanas comuns, como o orgulho, a arrogância, a lealdade cega, o amor doentio, etc.
Vale lembrar que na época que as tragédias ganhavam os palcos, a população não lia como lemos hoje, além de não terem acesso a meios de comunicação como os que usufruímos atualmente. Sendo assim, as peças de teatro tinham um poder social não só de entretenimento, mas também de formação da sociedade.
Como a tragédia é utilizada em textos literários?
É importante entender a diferença entre circunstâncias trágicas e a tragédia como um gênero literário. Circunstâncias trágicas, como uma doença ou acidente, podem resultar em uma escrita interessante. No entanto, essas circunstâncias não necessariamente constituem uma tragédia literária.
Para que uma obra literária seja considerada tragédia, ela deve apresentar um protagonista que é derrubado por uma falha de caráter, restrições sociais ou condições opressivas do destino. Além disso, as tragédias são caracterizadas por seu tom sério e, muitas vezes, solene. As obras literárias trágicas também estão centradas em assuntos considerados sérios e importantes. Você vai ouvir sobre isso em uma aula de portugues.
Aqui estão três elementos que os escritores devem considerar ao utilizar a tragédia como um dispositivo literário:
- O protagonista, também conhecido como herói;
- A falha trágica (ou defeito trágico);
- O desenlace.
Os textos épicos também estão entre os gêneros literários principais.
Protagonista
Na tragédia clássica, o protagonista é tipicamente um “herói” de posição nobre ou proeminente. No entanto, para os escritores da tragédia contemporânea, o protagonista é mais parecido com um “homem comum”. Isso permite que os leitores atuais se relacionem com o protagonista ao invés de reverenciá-lo.
Falha trágica
A falha trágica de um herói clássico é geralmente um erro de julgamento ou deficiência de caráter, mas não tira a natureza “heróica” distinta do mesmo. Na tragédia contemporânea, as falhas trágicas do protagonista são muito mais complexas e os heróis geralmente não são reconhecidos como heróicos. Isso pode melhorar a compreensão e a apreciação do leitor sobre a tragédia na literatura atual.
Desenlace
Embora as tragédias clássicas geralmente terminem em circunstâncias opressivas de destino ou fortuna, os escritores contemporâneos geralmente se concentram nas restrições e convenções da sociedade. Isso, combinado com a falha trágica do protagonista, é o que geralmente causa o resultado negativo - ou a “queda” - de um herói trágico contemporâneo.
Grandes escritores de tragédia no Brasil e no mundo
Agora que já falamos da tragédia clássica e da tragédia contemporânea, chegou a hora de conhecermos alguns títulos que ficaram famosos ao longo das décadas.
Clássicos da tragédia na Grécia Antiga
Os principais dramaturgos do gênero trágico na Grécia Antiga foram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Esses três escreveram várias peças que são até hoje encenadas nos palcos e produzidas em adaptações para as telinhas e telonas, tais como:
- Ésquilo:
- Os Persas (472 a.C.);
- Sete contra Tebas (467 a.C.);
- As Suplicantes (463 a.C.);
- Trilogia Agamêmnon;
- Coéforas (458 a.C.);
- Eumênides (458 a.C.);
- Sófocles:
- Ájax (443 a.C.);
- Antígona (442 a.C.);
- Édipo Rei (427 a.C.);
- Édipo em Colona (401 a.C.);
- Eurípedes:
- Medéia (431 a.C.);
- Electra (420 a.C.);
- Heracles (416 a.C.);
- Ifigênia (414 a.C.);
- As Bacantes (405 a.C.).

Exemplos de textos literários clássicos no ocidente
São muitos os autores ocidentais que contribuíram para a literatura trágica ao longo dos séculos. No entanto, William Shakespeare é, sem dúvida, um dos mais conhecidos mundialmente. Sendo assim, vale a pena citar algumas dos seus maiores e mais conhecidos textos, muito estudados tanto nas aulas de literatura quando nas aulas de teatro.
- Romeu e Julieta;
- Macbeth;
- Rei Lear;
- Hamlet;
- Otelo;
- Titus Andronicus;
- A Tragédia de Júlio César;
- Antônio e Cleópatra;
- Coriolano;
- Tróilo e Créssida;
- Timão de Atenas;
- Cimbelino.
Aulas de português: tragédia na literatura do Brasil
Por ser um gênero literário antigo, a tragédia na literatura brasileira não possui representantes clássicos, já que nosso território e nossa cultura ainda não tinham entrado no "radar cultural europeu" na época. Sendo assim, a tragédia está presente na literatura do Brasil em um formato contemporâneo, com textos que se inspiram da forma e do conteúdo das tragédias clássicas, mas que vão muito além deles.
Sendo assim, preparamos uma lista com algumas importantes publicações de escritores contemporâneos que apresentam a tragédia em textos premiados e aclamados tanto academicamente quanto popularmente:
- Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo;
- Jóias de Família, de Zulmira Ribeiro de Carvalho;
- Antônio, de Beatriz Bracher;
- Sinfonia em Braco, de Adriana Lisboa;
- Ópera dos Mortos, de Autran Dourado;
- Música Anterior, de Michel Laub;
- Contos Negreiros, de Marcelino Freire.
Se você está fazendo aula particular com um professor de português, está se preparando para as provas do enem ou ainda fazendo exercícios para melhorar suas habilidades de redação para concursos, então fique ligado(a) nesta lista, pois são publicações recentes que podem ser cobradas nas provas, tanto pelos professores da escola quanto por quem desenvolve os exercícios de vestibulares e do enem!
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