Se você estuda inglês, provavelmente há uma vertente com a qual se identifica mais: americano ou britânico. O mesmo acontece com o português: temos o nosso e o de Portugal. Entretanto, no caso do alemão, essas diferenças tendem a ser ainda mais acentuadas. A maior parte dos materiais online sobre esses temas normalmente se refere à língua nativa da Alemanha. Você pode encontrar textos, fazer exercícios ou até mesmo baixar o Duolingo.
Entretanto, e se você estiver entre os alunos que desejam viver na Suíça ou na Áustria, por exemplo, você vai precisar falar o dialeto da localidade. Imagina, estudar aqui no Brasil, sair de casa para o exterior e, ao chegar lá, descobrir que estudou o alemão errado? Isso acontece porque existem diversas línguas alemãs, cada uma adaptada a uma localidade. E, antes de começar a estudar, é importante saber para onde você deseja ir.
Quer entender melhor os dialetos dos quais falamos? Então é só continuar com a leitura.
A história dos dialetos alemães
O alemão é uma língua muito diversificada e rica, que pertence à família das línguas germânicas ocidentais. Ela surgiu pela primeira vez durante a Idade Média, com o que a linguística histórica chama de mudança consonantal do alto alemão. Estamos falando da troca do som de algumas vogais específicas, que resultou em uma nova língua, que por sua vez, subdividiu-se em diferentes dialetos.
Para resumir a história da língua alemã, podemos citar os três períodos mais importantes que moldaram o seu desenvolvimento e padronização. O primeiro foi o Alto Alemão Antigo, caracterizado especialmente por uma ampla gama de dialetos e uma extensa tradição oral, com apenas alguns textos escritos.
Anos mais tarde, veio o Alto Alemão Médio, que surgiu do contato com as tribos alemãs durante o Sacro Império Romano. Seu território geográfico abrangia a Áustria, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Hungria e Romênia. À essa época, mais pessoas passaram a falar o alemão, o que provocou também transformações no vocabulário e a língua foi, aos poucos, ocupando o lugar do latim em questões mais oficiais.
Há quem acredite que o alemão moderno marcou os melhores anos em termos de desenvolvimento durante o Novo Alto Alemão, idealizado por Wilhelm Scherer. Guttemberg inventou a imprensa. Saiba que hoje você pode ler certos textos graças à ele. Lutero traduziu a Bíblia do latim para o alemão e seus principais aspectos se aprimoraram tornando-o a língua oficial do Sacro Império Romano.

Pode ter a certeza de que perto da sua casa tem uma escola de idiomas que oferece níveis diversos do alemão, com direito a gramática, vocabulário e até mesmo exames simulados para que você saiba o quanto está evoluindo. Mas será que terá também acesso a essa bagagem histórica e cultural?
Por fim, em meados do século XVIII, a língua foi, de fato, padronizada. Era necessário, para uso em comércio e governo durante o Império Habsburgo. Os Irmãos Grimm criaram um dicionário. O Manual de Duden trouxe regras de gramática e ortografia. No entanto, ainda haviam muitos dialetos usados na Europa Central e na Europa Ocidental. Isso é tema relativamente recorrente de pesquisas nas universidades até hoje.
Idioma X dialeto
Mas qual será mesmo a diferença entre um idioma e um dialeto? De acordo com estudos linguísticos, existem diversas definições. Talvez você já tenha ouvido isso do seu professor. Ou lido a respeito na sua plataforma de curso grátis online. O fonético inglês, Henry Sweet afirma: "A linguagem é a expressão de ideias por meio de sons da fala combinados em palavras." Essas, por sua vez, se arranjam em frases, que traduzem os pensamentos dos quais falávamos. Para o especialista não linguístico, tal definição pode soar como vaga, ou representar o que se pensa sobre o dialeto.
O ensino e o aprendizado de idiomas depende também dessa questão cultural. Quanto mais você passa a entender do assunto, mais vai aprender em suas aulas. Melhor ainda se tiver um bom professor. Podemos afirmar que o dialeto traz uma variedade de linguagem que indica de onde uma pessoa vem. Possui regras de gramática e fonética próprias, além de aspectos estilísticos e linguísticos, embora ainda não seja reconhecido como algo oficial. Somente razões políticas ou sociais poderiam elevá-lo a tais níveis.

O dialeto evolui dentro do seu território e se torna uma língua única, que pode ser aprendida em cursos específicos. A maioria não vai aparecer na lista de uma escola em qualquer lugar do mundo. Ele carrega consigo uma grande bagagem cultural e histórica que se refere à sua região. Percebe como estamos falando de algo que não aparece no Duolingo? Ou que talvez nem mesmo os professores dedicados apenas ao básico do alemão cogitem dizer a você.
Existem dialetos alemães na Suíça, na Áustria e Alemanha e todos eles têm seu sotaque, vocabulário, sintaxe e muitas outras características que os fazem únicos.
Quantos dialetos existem na língua alemã?
Já experimentou fazer essa pergunta ao professor do seu curso? A língua é tão diversa que, segundo pesquisadores e linguistas, existem 16 principais grupos regionais, que compõem cerca de 250 dialetos só na Alemanha. Essa variedade surgiu do contato com as pequenas tribos e aldeias alemãs, à época da mudança consonantal e das migrações para o Oriente.
Entretanto, existem 6 dialetos predominantes que é importante que você saiba. Pode ser que você já tenha visto isso em algum site. Eles são: alto alemão, baixo alemão, alemão bávaro, dialeto saxão superior, alemão austríaco e alemão suíço. O aprendizado do alemão é algo muito mais complexo do que o que acontece no seu curso de inglês, por exemplo. É necessário aprender a falar, fazer exercícios e pesquisar materiais sobre o assunto em português.
Hoje em dia, as distinções são menores, uma vez que o alemão oficial é a língua política e social da Alemanha, Áustria e Suíça. Apesar das diferenças de pronúncia, a escrita é igual e eles conseguem se entender entre si. As diferenças de léxico e sintaxe normalmente são as mais acentuadas quando falamos em dialeto.

Dentro da Alemanha, podemos considerar apenas 4 grupos principais:
- Alto alemão - o mais proeminente de todos, traz o dialeto Hoch deutsch, o alemão mais falado na Europa Central, aquele que provavelmente você vai conhecer em uma primeira aula de alemão padrão. Também, pode ser útil para quem deseja ser aceito em universidades no exterior ou prestar exames. Muitos alunos o estudam e obtêm bons resultados. Além da Alemanha, é falado na Holanda, Bélgica, Luxemburgo e algumas partes do nordeste da França. Experimente perguntar ao seu professore durante suas aulas online: ele certamente vai te falar da importância de estudar por essa vertente;
- Baixo alemão - também chamado platt deutsch, vem do norte da Alemanha e da Holanda. Está próximo ao anterior em termos de pronúncia e estrutura escrita. Infelizmente, está entrando em extinção porque a cada dia menos pessoas o falam. Ao procurar por aulas do idioma, dificilmente você vai encontrar algo nesse sentido;
- Alemão bávaro - Originário do sudoeste, é semelhante ao padrão, mas difere fortemente na pronúncia das vogais. Por essa razão, ainda que seja mencionado nas aulas, pode ser um pouco mais difícil de aprender. Na Baviera, muita gente fala Bayerish e talvez isso explique por que o alemão padrão é referido como idioma escrito;
- Alemão da alta Saxônia - Falado na região homônima, ao leste da Alemanha, podemos dizer que sofreu grande influência do alemão padrão. Na verdade, estava presente nos primeiros processos de padronização do idioma, e somente é abordado nos cursos com mais contexto histórico. Encontrar um professor que oferece esse diferencial faz toda a diferença.
Ainda que o alemão padrão represente a língua oficial da Áustria e seja usado para fins de aprendizagem, nas universidades e escolas, em 1951, o Ministério Federal da Educação, Artes e Cultura austríaco definiu e publicou um novo padrão escrito para o idioma no país, tornando-o assim oficial por lá. A língua da Áustria possui um vocabulário único e dialetos regionais, como o austro-bávaro.
Na Suíça, o original é usado apenas para política e formalidades, o alemão suíço parece juntar todas as línguas faladas no país. Deriva do antigo alemânico, que pertence a uma tribo específica da antiga confederação tribal germânica, conhecida como alamanni.
Diversidade de dialetos alemães
Antes de começar a estudar, você precisa levar em conta as diferentes nuances que existem dentro de um único idioma. Escolher a certa garante que você aprenda e tenha proveito disso no futuro. Entretanto, alguns professores recomendam que você comece a fazer um curso do padrão, e depois foque no dialeto que mais precisa. Em todos os países falantes, é possível encontrar oportunidades de trabalho, cursos nas universidades e uma grande bagagem cultural.

O método oferecido pelo professor vai fazer toda a diferença nesse sentido. Você não vai ter toda essa variedade no ensino grátis, por plataformas como Duolingo. É possível aprender sem sair de casa, mas com um professor do outro lado da tela. E ainda que o seu tutor não fale de Goethe ou traga materiais tirados de textos antigos originais, é possível aprender muito com ele, sem precisar sair do Brasil, e nem de casa!
Os melhores professores nem sempre estão nas escolas ou universidades. É possível encontrá-los aqui na nossa plataforma Superprof, e assim estudar alemão para exames, viagens e uma nova vida no exterior.
excelente
Muito instrutivo e elucidativo
5 estrelas
É vdd q quanto mais ao Norte mais “puro” é o alemão? Como Hamburg, Bremen, Lubeck, etc? E quanto mais ao Sul menos puro e compreensível ele é? E q Hannover fala o dialeto oficial?
Olá Cledson,
Embora certas regiões possam ter variações dialetais, não é necessariamente verdade que o alemão seja “mais puro” no norte e “menos puro” no sul. O alemão padrão é ensinado em toda a Alemanha, independentemente da região. No entanto, é comum encontrar variações regionais nos dialetos locais. Hannover não fala um dialeto oficial, mas o alemão padrão é predominante, com algumas influências regionais.