Sabia que muitos dos medicamentos que vemos hoje no mercado são originários da cultura e saberes indígenas. E muitos desses medicamentos foram aprendidos ao observar o comportamento de animais da floresta e a natureza, por exemplo.

São conhecimentos baseados na observação, na espiritualidade e na transmissão oral de saberes milenares. E a sua importância não se resume apenas às comunidades indígenas, é também um patrimônio cultural e científico do nosso país, que vem sendo explorado por muitas indústrias farmacêuticas e de cosmética de todo o mundo.

Para saber um pouco mais sobre o profundo conhecimento das propriedades curativas de plantas, raízes e ervas presentes na nossa natureza e o uso de cada uma delas, separamos alguns desses ensinamentos dos povos originários que mudaram o rumo da medicina mundial.

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A sabedoria ancestral das plantas medicinais

Os povos indígenas possuem um profundo conhecimento das propriedades curativas de plantas, raízes e ervas medicinais que encontram-se disponíveis na flora brasileira. O malária, uma doença que assolou durante anos a Europa, teve o seu tratamento descoberto pelos indígenas em território brasileiro. A doença, que veio a bordo dos navios negreiros, encontrou na América do Sul o extrato da casca de cinchona como um medicamento que combatia os sintomas de forma eficaz1.

A quinina, presente na cinchona, proporcionou a popularização da medicação indígena e ainda permitiu a invenção do refrigerante de quinino e da água tônica. Há uma corrida comercial para os produtos derivados de plantas amazônicas2 por grandes empresas e é preciso preservar esses ensinamentos e reverter para os povos indígenas o lucro obtido a partir da comercialização desse conhecimento.

Imagem de uma plantação de arnica
A arnica é uma planta medicinal amplamente utilizada pela medicina ocidental. | Imagem: Pixs Storage -Unsplash

As propriedades energéticas do açaí e do guaraná, as substâncias repelentes de insetos da andiroba, o caráter anti-inflamatório do óleo de copaíba ou do jatobá, o poder cicatrizante da espinheira-santa, o efeito analgésico da arnica, tudo isso são alguns dos conhecimentos indígenas que foram aproveitados pela população mundial.

Não é só a medicina que sofre influência indígena, veja também como a culinária indígena está presente no cardápio dos brasileiros.

A Amazônia é um verdadeiro "laboratório natural", com uma biodiversidade de plantas e ervas que são usadas na medicina tradicional. Já há dezenas de produtos como óleos, essências e subprodutos extraídos de plantas e até de animais da Amazônia que são comercializados pelo mercado tradicional de cosmética e medicamentos.

Podemos listar algumas das plantas mais conhecidas, certamente alguém já te indicou o uso de alguma delas 😉:

  1. Jatobá: é muito conhecido pelas suas propriedades anti-inflamatórias e fortalecedoras do nosso sistema imunológico. É utilizado do tratamento de problemas respiratórios e infecções.
  2. Guaco: é usado para aliviar tosses e bronquites por ter propriedades de expectoração natural.
  3. Catuaba: amplamente utilizada como um tônico energético e afrodisíaco. Pode também ser utilizada para tratamento de dores musculares ou fadiga.
  4. Pata-de-vaca: conhecida por controlar a glicemia, é usada para tratar a diabetes.
  5. Unha-de-gato: usada para tratar inflamações e melhorar o sistema imunológico.
  6. Andiroba: propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes.
  7. Copaíba: assim como a andiroba, possui propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias.
  8. Aroeira-vermelha: seus pequenos frutos vermelhos são consumidos pelas tribos indígenas para combater infecções, já que tem um grande potencial anti-inflamatório.
  9. Arruda: é usada para óleos essenciais, benzimentos e pomadas para alívio de dores musculares e picadas de inseto.
  10. Assa-peixe: integra a lista de plantas medicinais do Ministério da Saúde, é nativa do Brasil e possui efeito diurético e expectorante.
  11. Fáfia: usada para controlar o colesterol e como analgésico. Têm propriedades calmantes e pode ser usada no tratamento de úlceras.
  12. Sálvia-branca: muito usada em rituais de purificação indígenas. Também é empregada no tratamento de doenças respiratórias, sintomas de resfriado e dores de cabeça.
  13. Anu Nisu: usado em banhos para dor de cabeça e dor no corpo.
  14. Anu Hubua: compressas com as folhas são usadas para dor nos rins ou inchaços nos testículos.
  15. Araticum: usado para picadas de cobra.
Imagem de uma aloe vera ou babosa.
A babosa, além de ser conhecida para usar no cabelo, têm propriedades cicatrizantes. | Imagem: Pisauikan - Unsplash

Além da medicina, a arte indígena também é uma expressão única.

Essas plantas e ervas são apenas alguns dos exemplos da vasta farmácia natural que os indígenas brasileiros dominam. Eles nos mostraram e ainda mostram como a natureza pode ser uma poderosa aliada na promoção da saúde e do bem-estar.

Rituais de cura e conexão espiritual

Os indígenas encaram as doenças de uma forma diferente. Para eles, os problemas de saúde envolvem corpo, mente e espírito, e os rituais de cura envolvem o uso das plantas, combinado com rezas e rituais.

São feitos verdadeiros rituais de cura, com o uso de cantos e danças indígenas, fumaça de ervas, banhos medicinais, chás que por vezes causam alguma alucinação. Tudo isso são elementos importantes para um ritual de cura, que envolve elementos da natureza como fogo, água, plantas sagradas e rezas.

É comum o uso do rapé, uma mistura de ervas e tabaco que é soprado nas narinas para purificar o corpo e a mente. Outro ritual muito comum são os cantos de cura, em que os pajés entoam cantigas específicas para afastar as energias ruins e melhorar o bem-estar da pessoa que está recebendo o tratamento.

Entenda um pouco mais sobre esses rituais de cura e autoconhecimento promovido pelos indígenas neste vídeo.

Para eles, para ser um indivíduo saudável é preciso estar em equilíbrio com o meio ambiente e a comunidade. Talvez por isso, muitas das lendas e mitos indígenas tradicionais incluem castigos para aqueles que desrespeitam as matas, os animais, a natureza e a floresta.

Nas cerimônias de cura, é também comum o uso de ayahuasca, uma bebida sagrada, que é feita a partir de duas plantas amazônicas, o cipó Mariri e as folhas da Chacrona. É muito usada para promover visões espirituais e de autoconhecimento, sendo considerada uma ferramenta para cura interior. Já vem sendo aplicado em uso medicinal para o tratamento de ansiedade, depressão e estresso pós traumático3.

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O papel do pajé: o médico da comunidade

Os pajés são aqueles indígenas que carregam o conhecimento medicinal e espiritual da comunidade indígena. Eles são os curandeiros das suas tribos e detém o saber sobre o poder medicinal das plantas. São líderes espirituais em suas comunidades e atuam como um intermediário entre o mundo físico e o espiritual. É uma figura central nas comunidades indígenas e principalmente na um conhecedor dos segredos da medicina indígena.

Eles fazem tanto o diagnóstico de doenças como também recomendam os tratamentos necessários. A sua formação envolve anos de aprendizado. Sua formação é longa e demanda anos de aprendizado e iniciação. É um escolhido dentro da sua comunidade e terá esse papel de preservação do conhecimento, manutenção da saúde e o equilíbrio da sua comunidade.

O seu conhecimento vai muito além das ervas medicinais, ele compreende sobre os ciclos da natureza, os espíritos e mitos da floresta e como as energias naturais podem influenciar na saúde. Os pajés tem uma atuação holística, tratando não só os sintomas da doença como as suas causas emocionais ou espirituais.

Conheça também as palavras indígenas no nosso vocabulário português brasileiro.

A medicina indígena e a ciência moderna

O conhecimento tradicional indígena tem chamado bastante atenção da ciência moderna, principalmente nas áreas da farmacologia, da cosmética e da fisioterapia. Muitas plantas medicinais indígenas foram estudadas e incorporadas na medicina ocidental, reconhecendo todo o seu potencial e valor.

É importante preservar e proteger os saberes indígenas de forma a evitar a biopirataria. É preciso garantir que as comunidades sejam reconhecidas e beneficiadas pelas suas descobertas. O uso desses conhecimentos milenares deve ser feito com respeito às comunidades indígenas e com ética.

Temperos e ervas em colheres.
Imagem: Alice Pasqual - Unsplash

Diversas pesquisas são realizadas para comprovar a eficácia das ervas medicinais indígenas, bem como os seus rituais e práticas de cura. Muitas dessas práticas são incorporadas na fisioterapia ou ainda nas práticas de medicinas alternativas e homeopatia.

A unha-de-gato, que já citamos, foi estudada por cientistas e é hoje comercializada em capsulas em todo o mundo. A arnica é outra planta que já é usada na indústria farmacêutica em pomadas, por exemplo. A andiroba e a copaíba são amplamente utilizados tanto na indústria farmacêutica como na indústria de cosméticos.

A medicina indígena é uma herança cultural que merece e precisa ser preservada de forma adequada e devidamente reconhecida e valorizada. Políticas públicas e o reconhecimento do dia 19 de abril como um dia de luta e resistência e a mudança do nome para Dia dos Povos Indígenas são apenas os primeiros passos para reforçar a importância da cultura indígena para a formação da nossa sociedade.

A medicina indígena é tão importante que existe um projeto chamado de Centro de Medicina Indígena da Amazônia - Bahserikowi, que foi criado em 2009 e tem sede em Manaus, capital Amazonense4. As pessoas vão ao centro em busca de tratamento e são atendidos por um Kumu (mais conhecido como pajé).

Os tratamentos podem levar dias ou até meses, pois os indígenas acreditam que para além dos remédios que são feitos a partir das plantas, a pessoa precisa de um tratamento espiritual. Alguns tratamentos incluem também dietas específicas e recomendações de mudanças de hábitos e costumes.

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Foto Camila

Camila Reis

Administradora, Mestre em Economia e Gestão da Inovação, mineira, mãe. Apaixonada por viagens e pela vida, me arrisco na cozinha, amo ler, conhecer pessoas e passear em dias frios com sol.