Ama poesia romântica? A arte da declamação de poemas de amor é uma das formas mais puras e emocionantes de expressar a literatura e o sentimento humano. Declamar é dar vida às palavras, envolvendo o público por meio da entonação, do ritmo e da interpretação.
O declamador transforma o poema em uma experiência sensorial e afetiva, capaz de despertar emoções como o amor, a saudade, a esperança ou a dor.
Quando o tema é o amor, a declamação se torna ainda mais especial. Os poemas de amor têm o dom de aquecer o coração, tocar lembranças e conectar pessoas através da sensibilidade.
Cada verso romântico recitado é um convite para sentir, e fazer sentir, despertando no público a mesma emoção que inspirou o poeta.
Desde os tempos dos trovadores medievais até os palcos modernos, a poesia amorosa tem sido celebrada em voz alta. No Brasil, poetas como Castro Alves, Olavo Bilac, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes deixaram versos que continuam a ecoar nas vozes de quem os declama.

Obras como Navio Negreiro, Canção do Exílio, Motivo e o inesquecível Soneto de Fidelidade mostram que a força do amor atravessa o tempo e permanece viva na palavra dita.
E, claro, se quiser saber mais sobre quais são os principais poemas de amor, continue a leitura aqui comigo porque separamos os nossos poemas lindos de amor que fazem chorar!
Soneto de Fidelidade – Vinícius de Moraes
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive,
Quem sabe a solidão, fim de quem ama,
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama,
Mas que seja infinito enquanto dure.
Confira as melhores poesias de criança.
Esse é um dos meus preferidos quando se fala de poemas de amor!
Amor é fogo que arde sem se ver – Luís de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Eu sei que vou te amar – Vinícius de Moraes
Muito obrigada
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente eu sei que vou te amar
E cada verso meu será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida
E cada verso meu será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida
Veja um guia completo de poesias.
Soneto do Amor Total – Vinícius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude
Se te amo, é porque és – Pablo Neruda
Não te amo senão porque te amo;
Vou de amar a não te amar,
De esperar a não te esperar
Meu coração vai do frio ao fogo.
Amo-te só porque és tu quem amo;
Odeio-te profundamente, e odiando-te
Curvo-me a ti, e a medida do meu amor variável por ti
É que não te vejo, mas te amo cegamente.
Talvez a luz de janeiro consuma
Meu coração com seu cruel
Raio, roubando minha chave para a verdadeira calma.
Nesta parte da história sou eu quem
Morre, o único, e morrerei de amor porque te amo,
Porque te amo, Amor, em fogo e sangue.
Também confira guia completo de poesia concreta.
Poema 20 (“Posso escrever os versos mais tristes esta noite”) – Pablo Neruda
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros, lá ao longe."
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a amei, e às vezes ela também me amou.
Em noites como esta, eu a tive nos meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela me amou, às vezes eu também a amava.
Como não ter amado seus grandes olhos fixos?
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a imensa noite, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como orvalho no pasto.
Que importa que meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é certo, mas quanto a amei.
Minha voz procurava o vento para tocar seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes de meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não a amo, é certo, mas talvez a ame.
É tão curto o amor, e tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta a tive entre meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que este seja o último sofrimento que ela me cause,
e estes sejam os últimos versos que eu lhe escrevo.
O amor é uma companhia – Fernando Pessoa
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Todas as cartas de amor são ridículas – Fernando Pessoa
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as demais,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Amo como ama o amor – Carlos Drummond de Andrade
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Quadrilha – Carlos Drummond de Andrade
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se
e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
O tempo e o amor – Mario Quintana
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
Das Utopias – Mario Quintana
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Amar – Florbela Espanca
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais este e aquele, o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Fanatismo – Florbela Espanca
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mistério do teu olhar, a ler
Nas tuas letras a minha perdida!
“Sou um reflexo, um sonho, uma ilusão...”
E o mundo é quanto eu vejo: o teu ser!
Vive dentro de mim, como a paixão!
E és o espelho e a luz do meu viver!
Por isso toda a dor do meu coração
É só de te perder... é de te não ter...
E na sua opinião, quais são os poemas de amor mais bonitos que fazem chorar? Você gostou da nossa seleção de poesia romântica? Deixe o seu comentário!









