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Dante Alighieri
Aprendendo mais sobre a língua da Itália? Então, o seu primeiro passo será saber o que significa dialeto!
Basicamente, os dialetos italianos estão ligados à língua italiana, representando uma rica fonte de diversidade cultural e linguística dentro da península. Essa profunda conexão reflete séculos de história, migrações e interações culturais, contribuindo significativamente para a identidade italiana.

Cada dialeto, com suas peculiaridades fonéticas, léxicas e gramaticais, enriquece a comunicação cotidiana, preservando, assim, tradições, lendas e modos de vida locais.
Pensadores e linguistas, como Tullio De Mauro e Claudio Marazzini, têm estudado a importância dos dialetos na formação da língua italiana moderna. Eles argumentam que os dialetos não são apenas variantes regionais, mas elementos que alimentam e renovam constantemente o italiano padrão.
Dessa forma, ao estudar os dialetos, esses acadêmicos destacam como atuam como espelhos da sociedade, refletindo mudanças sociais, culturais e históricas.
E, é claro, nesta artigo, eu trouxe alguns exemplos de dialetos na língua da Itália e tudo o que precisa saber sobre as suas principais características.
Origens do italiano e dos dialetos da península
A língua italiana e os dialetos da península têm suas origens no latim, especificamente na forma falada, conhecida como latim vulgar, que os soldados e colonos romanos disseminaram pela Itália.
Com o declínio do Império Romano e as subsequentes invasões bárbaras, o latim começou a se fragmentar em várias línguas regionais. Esses desenvolvimentos linguísticos iniciais marcaram o nascimento dos numerosos dialetos italianos.
No entanto, durante a Idade Média, esses dialetos evoluíram separadamente, refletindo as divisões políticas, as influências culturais e as interações comerciais entre as várias cidades-estado e reinos da Itália.
A língua italiana, como é conhecida hoje, baseia-se primordialmente no dialeto toscano, particularmente na variante florentina, devido à influência cultural e política de Florença durante o Renascimento, bem como ao prestígio dos escritores florentinos como Dante Alighieri, Petrarch e Boccaccio.
A relação dos dialetos com a língua da Itália
Os dialetos italianos mantêm uma relação complexa com a língua italiana padrão. Enquanto o italiano serve como a língua oficial do país, usada na educação, na mídia e nas instituições governamentais, os dialetos continuam a ser um componente da identidade regional e local.
Eles refletem a diversidade cultural, histórica e social da Itália, preservando tradições únicas e formas de expressão que não são encontradas no italiano padrão. A relação entre os dialetos e o italiano padrão é de complementaridade, com muitos italianos sendo efetivamente bilíngues, alternando entre o italiano e seu dialeto local dependendo do contexto.
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Quantos dialetos existem na Itália?
Estima-se que existam cerca de 34 grupos dialetais principais na Itália, abrangendo centenas de dialetos locais e variantes. Esses dialetos variam até mesmo de uma vila para outra, refletindo o rico mosaico cultural da Itália.
Mapa dos dialetos italianos | Onde estão os principais?
O mapa dos dialetos italianos revela uma vasta diversidade linguística distribuída por toda a península e suas ilhas. No norte, encontram-se dialetos como o lombardo, o piemontês e o véneto.
A região central é dominada pelo toscano, que influenciou o italiano padrão, enquanto o sul abriga uma rica variedade, incluindo o napolitano, o siciliano e o calabrês.

Cada região da Itália tem seu próprio conjunto de dialetos, refletindo sua história única e suas influências culturais. Por exemplo, o véneto é falado na região do Vêneto, ao nordeste, enquanto o siciliano é predominante na Sicília. O napolitano é comum na Campania, ao sul, destacando-se pela sua rica tradição literária e musical.
Dialetos são símbolos vivos da identidade italiana, refletindo o patrimônio, as tradições e a diversidade da nação. A manutenção e a celebração dos dialetos são essenciais para preservar a rica questão cultural da Itália.
Quais são os dialetos mais conhecidos da Itália e suas características
Tendo em vista a enorme curiosidade que os dialetos italianos causam nos brasileiros, abaixo, separei uma lista detalhando mais sobre quais são os principais deles e suas características.
Olha só!
Dialeto lombardo
O dialeto lombardo é uma das línguas galo-italianas faladas principalmente na Lombardia, região do norte da Itália, e em áreas adjacentes. Com raízes que remontam à época do Império Romano, quando o latim começou a sofrer influências das línguas germânicas devido às invasões bárbaras, o lombardo evoluiu significativamente ao longo dos séculos.
Este dialeto é caracterizado por uma rica variação interna, apresentando diferenças notáveis entre as falas das sub-regiões da Lombardia, como o lombardo oriental e o ocidental.
Um exemplo de dialeto lombardo...
Uma das características marcantes do lombardo é a presença de sons vocálicos e consonantais que diferem do italiano padrão, como a pronúncia de certas consoantes que são mais "duras" ou "fechadas". Além disso, o lombardo possui um vocabulário único com palavras que não têm correspondentes em italiano, refletindo as tradições culturais e históricas da região.
Exemplo de expressão em lombardo é "Me piàs Milan", que significa "Eu gosto de Milão" em italiano. Esta frase simples ilustra como o dialeto pode variar do italiano padrão, tanto foneticamente quanto em termos de estrutura lexical.
Dialeto veneziano
Referência na linguagem da Itália! O dialeto veneziano é falado na região do Vêneto, no nordeste da Itália, principalmente em torno da cidade de Veneza. Sua origem remonta à República de Veneza, um poderoso estado mercantil que exerceu influência significativa na região do Mediterrâneo durante a Idade Média e o Renascimento.
O veneziano foi, durante séculos, uma língua franca no comércio marítimo do Mediterrâneo, contribuindo, assim, para a sua difusão e para a incorporação de palavras de origem grega, árabe e eslava.
Uma característica distintiva do veneziano é a sua melodia e ritmo, que o tornam imediatamente reconhecível. O dialeto possui uma série de particularidades fonéticas, como a elisão de sons finais e a utilização de um conjunto distinto de vogais e consoantes. Além disso, o veneziano mantém muitas palavras antigas que já não são usadas no italiano padrão, oferecendo uma janela para o passado linguístico e cultural da região.
Um exemplo típico do dialeto veneziano é a expressão "Cossa xe sta?", que se traduz para "O que é isso?" em italiano padrão, este exemplo mostra não apenas as diferenças fonéticas, mas também estruturais.
Ambos os dialetos, lombardo e veneziano, são testemunhos vivos da diversidade linguística e cultural da Itália.
Dialeto toscano
O dialeto toscano, especialmente a variante falada na região de Florença, é de suma importância na história linguística da Itália. Considerado o berço do italiano padrão, sua influência é atribuída aos grandes escritores do Renascimento, como Dante Alighieri, Petrarch e Boccaccio, que optaram pelo toscano em suas obras literárias, estabelecendo assim a base para o que viria a ser conhecido como italiano moderno. O toscano é caracterizado por sua clareza e a ausência de extremos fonéticos, tornando-se ideal como a língua literária da Itália.
E terminou durante o fim do século XVI.
Uma característica única do toscano é o fenômeno conhecido como "gorgia toscana", que suaviza certas consoantes, como /k/, /t/ e /p/, em posições intervocálicas. Além disso, o toscano preserva o uso de formas gramaticais e vocabulário que se assemelham estreitamente ao italiano padrão. Por exemplo, a expressão "Come stai?" (Como está?) é comum tanto no italiano padrão quanto no toscano.
Dialeto napolitano
O dialeto napolitano, falado principalmente na região da Campania, possui uma rica história e é um dos dialetos mais reconhecíveis da Itália. Suas origens remontam à influência do grego antigo e do latim, refletindo a complexa questão histórica de Nápoles como um ponto de encontro de várias civilizações ao longo dos séculos. O napolitano é conhecido por sua expressividade e musicalidade, empregado em canções tradicionais e contemporâneas que ressoam em toda a Itália.

Uma característica marcante do napolitano é a presença de vogais nasais e a pronúncia vibrante de certas consoantes, que lhe conferem um tom distintamente melodioso. Expressões como "Guaglione" (garoto) e "Maronna mia!" (Minha nossa senhora!) exemplificam a riqueza expressiva e o calor emocional do napolitano.
Dialeto siciliano
O dialeto siciliano, falado na ilha da Sicília, é um dos mais antigos dialetos italianos, com raízes rastreadas até a época da dominação árabe na ilha, refletindo também influências do grego, latim, normando, espanhol e francês. Essa mistura de influências torna o siciliano um dialeto particularmente rico e complexo, com uma vasta lexicografia que difere significativamente do italiano padrão.
O siciliano se destaca por sua fonética e sotaque, incluindo a preservação de sons que foram perdidos em outros dialetos italianos ao longo do tempo. Ele possui uma variedade de palavras e expressões que são exclusivas da ilha, como "Beddu" (bonito) e "Cchiù" (mais).
Cada um desses dialetos serve como uma expressão viva das tradições, da história e da identidade cultural das suas respectivas regiões.
Afinal, enriquecem a diversidade linguística da Itália e contribuem para o patrimônio cultural imaterial do país. Como consequência, vale salientar que, preservar esses dialetos, será a base para manter viva a história da Itália e para celebrar a riqueza de suas muitas identidades culturais.
E na sua opinião, quais são os seus dialetos preferidos na língua da Itália? Comente aqui comigo e não se esqueça de compartilhar o material com quem possa se interessar em aprender o idioma ou ter aulas / cursos de italiano, um dos idiomas mais ricos do mundo!