A história do movimento feminista teve origem durante a revolução industrial, e as empresas privadas auxiliaram neste processo de retirada das mulheres de suas residências para as colocar nas fábricas para conseguir mão de obra barata.
Muitas empresas da época optaram pelo sexo feminino porque a mão de obra era custeada com valor menor que o que era pago aos homens. Deste modo, as mulheres poderiam auxiliar os seus maridos a pagar as contas de casa e sustentar os filhos. A jornada dupla, então, tornou-se um problema: trabalhar fora, cuidar da casa…
Entretanto, deve-se salientar que o processo não foi fácil. Afinal, foram necessários muitos anos de lutas e protestos para garantir alguns direitos, como a diminuição da jornada de trabalho (que chegou a ser superior a 16h) e fornecimento de salários igualitários.
Contudo, já estamos no século XXI e muitas mulheres não têm a mesma folha de pagamento que os seus colegas do sexo masculino.
Em algumas áreas, ainda existe o preconceito sobre a entrada e participação feminina, como, por exemplo, na área de tecnologia da informação, predominada por homens. Engenharia também é outro ramo que enfrenta resistência.
Os primórdios do feminismo
Quando o feminismo surgiu? Onde surgiu o movimento feminista? O que foi a revolução feminina? Se você é professor de história ou professora de história, com toda certeza já ouviu essas perguntas de alguns alunos.
Apesar dos movimentos feministas durarem séculos, as ideias contemporâneas começaram a se intensificar e moldar-se somente no século passado, na década de 60, quando filósofas e historiadoras como a Simone de Beauvoir criaram obras como O Segundo Sexo, que debatiam melhor o assunto.
Entretanto, antes mesmo de entender sobre o surgimento do movimento feminista, é de suma importância que se saiba o que é feminismo.
O feminismo é um movimento que se diferencia do machismo, mas não é seu oposto - afinal, o oposto seria o femismo - ele luta pelos direitos igualitários das mulheres, o poder de ir e vir.
As mulheres, assim como os homens, são protagonistas da sua história. Por isso, podem escolher aonde ir, quando ir, com quem ir, o que farão de suas vidas. E, claro, assim como contam com as mesmas formações, possuem experiência tanto quanto os homens, devem receber salários justos.
O feminismo não prega que a mulher deve ser superior, ou que não pode escolher a maternidade, ser mãe e cuidar da casa e do lar. Muito pelo contrário: prega poderem ser o que quiser, contando que seja por vontade própria e não para suprir as vontades da sociedade ou outrem.
- Mulheres se reúnem há séculos para lutar pelos direitos igualitários. - Fonte: Pixabay
Feminismo do Iluminismo ao século XVIII
Durante a época do iluminismo, que aconteceu no século XVIII, muitos filósofos iniciaram suas reflexões sobre a verdadeira condição feminina em uma sociedade.
Nesta época, era explícito que muitos intelectuais e políticos não eram a favor da participação feminina na economia e na organização intelectual de determinados países.
Holbach, por exemplo, argumentava que as mulheres baixam o tom de uma conversa, fazendo com que ela se tornasse menos séria. De acordo com ele, se as mulheres tivessem participação nos debates intelectuais, as reuniões não aconteceriam ou estariam fadadas à derrota.
No entanto, Immanuel Kant defendeu a ideia, na época, de que as únicas diferenças que as mulheres possuíam dos homens era em relação à natureza, como a força. No entanto, de acordo com ele, isso não interferiria na capacidade de criação, inteligência e outros fatores.
Enquanto isso, Mary Wollstonecraft insistia que a revolução feminista aconteceu devido à corrupção do patriarcado. Tendo isso em vista, foi contra a ideia dos filósofos da época.
Feminismo no século XIX
A história do movimento feminista junto à revolução feminina se intensificou durante o século XIX, em que houve a primeira onda. A primeira onda foi marcada especificamente pelas necessidades femininas por melhores direitos e condições.
Os países que se destacaram neste processo foram os Estados Unidos e Reino Unido, principalmente as regiões com maiores quantidades de fábricas.
Foi a partir do século XIX, que o início do feminismo começou a questionar sobre o poder político e a exclusão do sexo feminino sobre as escolher de um país, estado ou cidade. As mulheres, então, quiseram participar, fazer parte deste processo.
A conquista do voto nos Estados Unidos se deu somente no ano de 1919. No Brasil, ela aconteceria muito tempo depois, apenas na década de 30, na Era Vargas.
Na primeira onda, as feministas não se preocupavam com questões que, hoje, estão em vogue, como o aborto. De acordo com professores de história e professoras de história, o abordo é uma das lutas da revolução feminina. Afinal, prega-se que a mulher tem direito de escolher o que faz ou não faz com o seu corpo.
A eleição ou primeira onda feminista
A história do movimento feminista se intensifica com a primeira onda feminista, em que as mulheres demonstraram a preocupação com a participação na sociedade política. Quiseram lutar pelo direito ao voto, pelo direito de decidir sobre o país em que vivem.
E foi por meio desta preocupação que surgiu a primeira onda do feminismo, a partir do século XIX, e que se alastrou até o século XX. Elizabeth Stanton e Lucretia Mott foram as responsáveis por criar debates sobre o assunto e trazer cada vez mais mulheres para este marco.
Quais são as ondas do feminismo? Entenda as mudanças em cada onda
A história do movimento feminista em escala mundial pode ser dividida por intermédio de algumas ondas que classificam as alterações sofridas com o decorrer dos anos, o que foi acrescentado ao movimento, o que foi retirado, quais são as principais pensadoras e assim por diante.
A primeira onda teve início durante o século XX e final do século anterior em que as mulheres estavam preocupadas com as suas atividades públicas, a luta pelo direito ao voto foi uma das suas principais conquistas.
Nísia Floresta e Bertha Lutz foram referências nesta conquista que, inclusive, acabaram sendo bem referenciadas no filme Piratas do Caribe. No Brasil, foi somente na década de 30 que houve a possibilidade de mulheres votarem após a alteração da Constituição.
A segunda onda foi a partir do século XX, na década de 60, onde muitas mulheres passaram a debater sobre a sexualidade e a autonomia feminina no contexto sexual / casamento / relações.
Uma das figuras que marcou a época foi Therezinha Zerbini, que criou um grupo de mulheres e mães que tiveram os seus maridos e filhos presos por irem contra o sistema durante a Ditadura Militar.
Um dos movimentos que surgiram na época foi o Movimento Negro Unificado (MNU), que lutava pelos direitos igualitários na sociedade entre mulheres brancas e negras.
A terceira onda realiza uma interseccionalidade, que aborda sobre uma série de contextos, como o gênero, a sexualidade, a mulher em sua casa, aborto, direito de ir e vir. Foi neste contexto que surgiram muitos estudos que visavam entender o papel da mulher em suas relações.
Quando surgiu a quarta onda do feminismo?
Há, hoje em dia, muitas aulas de história ou cursos de história dizem que o feminismo passou pela quarta onda. Mas, do que se trata? As redes sociais estão permitindo que as mulheres comecem a pensar sobre os seus direitos e deveres, que entendam quais são as opressões presentes na sociedade, que se sintam acolhidas por outras mulheres.
E, querendo ou não, isso está influenciando bastante na forma como há a visão de mundo. A “Manifesto Ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX”, da filósofa Donna Haraway, obra que foi publicada durante a década de 80, mostra como o mundo mais globalizado estava causando uma “crise” nas vertentes antigas. E, deste modo, moldando uma nova forma de ver, de sentir e ser.
O ciberativismo feminista trata-se de um fruto de muitas jovens que cresceram e viveram na internet, com pensamentos revolucionários e expectativas de direitos iguais.
Segundo afirmado por Perez e Ricoldi, a jornada de Cunhos, que aconteceu no ano de 2013, que mostra a saída das mulheres para as ruas em busca de uma nova perspectiva e direitos, pode representar a chegada de uma quarta onda.
Apesar disso, muitos professores de história contestam que ainda estamos na terceira onda, apesar das fortes mudanças das últimas décadas.
- Mulheres lutam por direitos iguais há séculos, inclusive pelo voto, que foi uma conquista feminina - Fonte: Freepik
Qual a diferença do feminismo e femismo?
Existem algumas diferenças entre o feminismo e o feminismo que muitos estudantes causam confusão. O femismo é o oposto do machismo, visto que prega o sexo feminino como superioridade, em que deve receber mais, é considerado melhor.
Entretanto, o feminismo se trata da luta pelos direitos iguais, visto que tanto as mulheres quanto os homens podem realizar as mesmas funções e receber os mesmos salários, sem haver diferenças, visto que são iguais.
Enfim, nesta “aula de história” abordamos melhor sobre o que é feminismo, quando surgiu o movimento feminista e quais são as ondas, suas principais características conforme o passar das décadas.
Caso tenha ficado com alguma dúvida em relação ao assunto, comente conosco e, claro, não esqueça de conhecer mais artigos de nosso blog. Contamos com vários materiais sobre história para te manter sempre informado!
Boa tarde, gostaria de dizer que é um ótimo resumo sobre o feminismo para se trabalhar em sala de aula. Porém, o vídeo que está exposto vai contra tudo o que está escrito na matéria. É uma parte do documentário do Brasil Paralelo, que vai totalmente contra o movimento feminista, mostrando até mulheres que são assumidamente antifeministas e que não utilizam da ciência para expor suas interpretações, desfigurando assim, a história do feminismo e da luta das mulheres por seus direito. Aconselho a substituir por outro que seja condizente com a História e não um mero negacionismo. Obrigada!
Olá Marina,
Agradeço pelo feedback construtivo. Fico contente em saber que o resumo sobre o feminismo seja útil para a sala de aula. Reconheço a importância de apresentar informações precisas e imparciais sobre esse movimento tão importante.
Peço desculpas pelo inconveniente causado pelo vídeo anterior, já revisamos e selecionamos um vídeo mais alinhado com a história e as lutas do movimento feminista para complementar o conteúdo de maneira mais adequada. Obrigado por compartilhar suas observações e contribuir para uma educação mais informada. ♥️