“Para criar uma obra-prima da literatura, dois poderes precisam estar presentes: o poder do homem e o poder do momento.”
Matthew Arnold
Não é novidade para ninguém que a literatura brasileira é super rica. E se a constatação do poeta Matthew Arnold for mesmo verídica, então existem vários escritores que viveram e vivem no Brasil que conseguiram conjugar os dois poderes citados por ele!
Para homenagear esta riqueza, preparamos uma lista com 10 clássicos que precisam ser conhecidos!
Confira também um manual com autores e livros clássicos brasileiros que valem a pena a leitura!
Dom Casmurro - Machado de Assis
Mesmo que você ainda não tenha lido Dom Casmurro, você já deve ter escutado falar neste clássico da literatura brasileira! Sobre Machado de Assis então, nem se fale.
Falando nele, você sabia que em 1896 Machado tornou-se o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, e ocupou o cargo até sua morte?
Voltando ao livro, Dom Casmurro foi publicado em 1899, três anos depois de Machado de Assis já ocupar o privilegiado posto na Academia. A obra é construída como uma autobiografia ficcional de um narrador que suspeita de um adultério de sua esposa, um ato que nunca provou ter realmente ocorrido, devido à narração em primeira pessoa do romance.
Grande Sertão: Veredas - João Guimarães Rosa
Publicado em 1956, Grande Sertão: Veredas não poderia ficar de fora desta lista. Mesmo porque João Guimarães Rosa também é um dos grandes nomes da literatura brasileira, além de ter sido ainda médico e diplomata!
E por ser um grande nome da literatura do Brasil, ele não poderia ficar fora da Academia Brasileira de Letras, ao qual foi eleito membro em 1963.
Assim como vários clássicos, Grande Sertão: Veredas foi traduzido para várias línguas, mas quase não é conhecido fora do Brasil. Uma curiosidade triste, mas igualmente engraçada, é que em 2015 João Guimarães Rosa foi destaque em uma publicação do site Literary Hub intitulado “Dez Grandes Escritores que Ninguém Lê” (“Ten Great Writers Nobody Reads”).
Publicado em 1956, este romance modernista experimental mostra os relatos do ex-jagunço Riobaldo, incluindo a lembrança de seus medos, suas lutas e seu amor velado por Diadorim.
E que tal conhecer dez clássicos da literatura brasileira feita para crianças?
Mar Absoluto - Cecília Meireles
Mar Absoluto e Outros Poemas foi lançado em 1946. Segundo a dissertação de mestrado de Mariana Carlos Maria Neto na área de literatura brasileira, defendida na USP em 2015, "A unidade da seleção dos poemas vem por meio da recorrência de um sentimento da falta, assunto constante na lírica ceciliana e muito representativo em sua terceira obra da poesia madura".
Segundo o Grupo Editorial Global, "os poemas deste livro registram a memória de Cecília sobre seus antepassados portugueses, o infinito das palavras, a solidão frente à fugacidade de tudo, a experiência intransferível da morte e a melancolia de amar."
Não é de se admirar que Cecília Meireles escrevesse tão bem sobre estes temas a ponto de virar um clássico da literatura brasileira, afinal de contas, ela foi a única dos quatro filhos da família que sobreviveu para contar história... E foi isso mesmo que ela fez através de suas poesias! Não bastasse o peso da perda dos irmãos, ela ainda perdeu o pai antes mesmo de nascer e a mãe aos 3 anos. Depois de casar-se e ter 3 filhas, Cecília perdeu seu marido por suicídio. É muita morte para uma pessoa só!
Pode ser que você ouça sobre essa obra em um curso de português online.
Gabriela, Cravo e Canela - Jorge Amado
Lançado em 1958, Gabriela Cravo e Canela fez tanto sucesso que acabou virando novela em 1975, a famosa produção Global intitulada "Gabriela". Ela, assim como a obra literária, faz muito sucesso até hoje.
Segundo o site Cola na Web, "A história de Gabriela, cravo e canela se passa em Ilhéus, na década de 20, período em que a cidade era rica devido à exploração do cacau, e ansiava progressos e desvendava a noite litorânea em meio a bares e bordéis. O livro conta a história de amor, que desafia os costumes da sociedade da época, entre a sertaneja Gabriela e o árabe Nacib."
O clássico de Jorge Amado conta com quase 200 personagens (haja memória para guardar o nome de todo mundo!), mas a rede Globo, responsável pela adaptação do romance em novela, reduziu o elenco para pouco mais de 70 personagens... Uma pena.
Quer saber mais sobre publicações premiadas recentes de autores brasileiros?
O Quinze - Rachel de Queiroz
Raquel de Queiroz tinha apenas 20 anos de idade quando publicou O Quinze em 1930, com um tema super relevante e intenso: uma grande seca que tomou conta do nordeste do país em 1915!
Nascida em 1910 em Fortaleza, Ceará, Raquel de Queiroz também foi tradutora, jornalista, cronista e dramaturga, além de escritora e romancista, famosa pelas suas ficções sobre a realidade social nordestina. Outra conquista importante da escritora foi o fato de ter sido a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras, isso lá em 1977. Grande Raquel de Queiroz!
A Escrava Isaura - Bernardo Guimarães
A Escrava Isaura foi outro clássico da literatura brasileira adaptado para a tela da televisão que ganhou duas versões em novela, uma na década de 1970 na Rede Globo, e outra na década de 2000, na Rede Record. A trama televisiva de 1974 fez história ao ser licenciada para exibição em mais de 100 países do mundo inteiro!
O livro escrito pelo mineiro Bernardo Guimarães foi publicado pela primeira vez em 1875, levando o escritor à fama. Quem estudou história na escola sabe que a abolição da escravatura aconteceu em 1888. Sendo assim, imaginem só o escândalo que não deve ter sido um romance sobre uma mulher mestiça escravizada em busca da sua liberdade em um Brasil que estava em pleno processo abolicionista! Fato curioso é que até mesmo Dom Pedro II ficou conhecendo o autor por causa deste livro.
Na dúvida sobre os autores clássicos da literatura brasileira que mais aparecem no enem?
Os Sertões - Euclides da Cunha
Publicado no início do século XX, mais precisamente em 1902 por Euclides da Cunha, Os Sertões tem uma característica bem interessante: é considerado um livro-reportagem. Mas não era para menos, já que seu autor, além de escritor, também era jornalista.
Este famoso romance narra a histórica Guerra de Canudos, encabeçada pelo líder espiritual Antônio Conselheiro, também líder do Arraial de Canudos, comunidade no Sertão do nordeste onde aconteceu tal confronto entre habitantes locais e o Exército da República. Este último ganhou a batalha, depois de uma disputa sangrenta que entrou para a história do nosso país e é muito bem romantizada na obra de Euclides da Cunha, que veio a falecer pouco anos depois da publicação do livro, em 1909. Ao contrário do que muitos podem pensar, Euclides não era nordestino, mas sim carioca de Canta Galo.
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Mais uma obra de Machado de Assis para nosso top 10 de clássicos literários: Memória Póstumas de Brás Cubas. O livro ganhou vida em 1881, mas já tinha sido produzido um ano antes em forma de folhetim.
"Memórias Póstumas é uma narrativa confusa e sem linearidade. O personagem principal, como sugere o título, resolve, depois de morto, contar a história da sua vida através de uma seleção dos episódios mais relevantes, desde o seu nascimento até a sua morte. Essa narrativa não segue, porém, nenhuma sequência cronológica. Ele inicia pelo seu delírio e morte, depois conta o seu nascimento e vai alternando, sem qualquer critério lógico, episódios de diversas fases da sua vida, sempre com uma alta dose de humor e visão pessimista", como conta o Geek Games em uma breve sinopse.
Neto de um escravizado, Machado de Assis falava várias línguas, dentre elas o inglês e o francês. O literário era tão brilhante que foi o responsável pela primeira tradução de um livro do famoso Edgar Alan Poe para o português: O Corvo.
O Cortiço - Aluísio Azevedo
Como o próprio nome sugere, O Cortiço conta a história do dia a dia de um cortiço, e as adversidades enfrentadas dentro deste local de vida precária.
Tal obra prima publicada em 1890 não poderia ficar fora desta lista, juntamente com o nome de seu autor Aluízio Azevedo. Além de romancista, Aluízio Azevedo foi contista, cronista, diplomada, jornalista e.... caricaturista! Originários de São Luís do Maranhão, o famoso escritor faleceu em terras Argentinas em 1913, mais precisamente em Las Platas. E não precisa nem falar que ele também integrou a trupe dos intelectuais da Academia Brasileira de Letras.
Vidas Secas - Graciliano Ramos
Impossível ler Vidas Secas e não terminar o livro falando sobre Baleia, a cachorrinha magrela da trama. Publicado em 1938, Graciliano Ramos conta em 13 capítulos histórias de pessoas que vivem no sertão do Brasil e lutam para sobreviver.
Para se ter uma ideia da importância desta obra para a literatura brasileira, quase trinta anos depois da sua publicação, mais precisamente em 1963, o hoje clássico foi laureado como Livro Representativo da Literatura Brasileira Moderna pela Fundação Willian Falkner nos Estados Unidos. Se isso não é prestígio e certificado de boa literatura, então não sabemos o que mais pode ser!
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E então, qual desses clássicos você já leu?
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