Como é a profissão de professor nos diferentes países?

A profissão de docente não é das mais valorizadas no nosso país, e por essa razão, bem como pelas condições de trabalho, ser professor atrai cada vez menos pessoas interessadas na profissão.

Os alunos de hoje não são mais os mesmo de antigamente, eles estão conectados e tem acesso a informação de forma muito mais rápida. E os desafios se tornam maiores para os professores a partir dessa nova realidade.

Quer saber tudo sobre ministrar aulas em outros países?

Mas além do Brasil, como anda a profissão de professor pelo mundo? É mais fácil ser reconhecido profissionalmente em outro país. Os salários são melhores? Ou as dificuldades são as mesmas?

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

Cora Coralina

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Professores: condições de trabalho no Brasil

Muitos atribuem aos professores um status maior do que a profissão realmente oferece. Quando professor da rede pública, os professores passam a ser funcionários públicos, tem duas férias anuais e por vezes uma carga horária reduzida. Bom, essa é a falsa impressão de quem está de fora.

Mas o que ninguém vê é que os docentes também encontram muitos desafios. A carga horária de um professor não se resume ao tempo em sala de aula e na escola, pois quando estão em casa precisam preparar aula, elaborar e corrigir provas ou trabalhos dos alunos, atualizar seus conhecimentos. Muitas vezes, fins de semana, férias e feriados são dedicados à profissão.

A profissão sofre com uma falsa imagem e a realidade é bem diferente.

A falsa sensação de muitas férias

Por vezes as pessoas falam que professor é que tem sorte, já que tem direito a duas férias anuais e as férias de fim de ano podem ultrapassar os 45 dias. Mas o que acontece é que muitos continuam trabalhando mesmo durante o recesso escolar.

Muitas escolas tem aulas até bem perto do Natal, devido ao período de recuperação. O recesso do meio do ano que antigamente era de quase um mês, hoje não passa de duas semanas. Atualmente todas as escolas precisam cumprir um mínimo de 200 dias letivos e por vezes precisam ter sábados letivos para completar essa exigência legal.

Além disso, durante as férias, muitos precisam preparar o conteúdo para o próximo ano letivo, principalmente se vão dar aulas para outra série. Os conteúdos podem ser diferentes do ano anterior e ele precisa revisar e por vezes estudar. Assim como nós, o professor pode esquecer determinado conteúdo se não estiver trabalhando com ele, precisando estudar e rever esse conteúdo antes de ir para a sala de aula.

Relacionamento com alunos e pais

A relação com os alunos é muitas vezes um dos motivos que impulsiona os profissionais a exercerem esta profissão. O ensino possibilita a transmissão às gerações mais jovens e o intercâmbio sobre muitos temas, dependendo da matéria ensinada. Os alunos são muitas vezes curiosos e uma fonte de perguntas que levam à discussão.

Mas a relação com os alunos também pode ser conflituosa e difícil de administrar. Enquanto alguns optam por suspensões ou outras punições, outros tentam uma comunicação positiva. Seja como for, a relação entre alunos e os mestres mudou, para melhor em alguns casos e às vezes para pior.

As relações com os pais também podem ser complicadas em alguns casos. A voz dos professores é cada vez mais questionada e o diálogo nem sempre é óbvio.

Salário e status de funcionário público

Antigamente, quando passava-se num um concurso público, a pessoa atingia um status incrível para a sociedade. A estabilidade do emprego, os recorrentes reajustes salariais... mas nem tudo são flores na vida do professor enquanto funcionário público.

A profissão, infelizmente, não é muito valorizada. Os salários por vezes ficam congelados durante anos e anos. Mas, realmente, a estabilidade pode ser um ponto positivo, já que um professor da rede privada, apesar de por vezes conseguir um melhor salário, tem uma maior instabilidade e não sabe se manterá o cargo no ano seguinte.

Desde 2008, a categoria conta com um piso salarial mínimo, e o reajuste deve ser feito anualmente pelo governo federal.

Veja o quanto ganha os professores de outros países.

Mas, apesar do piso ser definido pelo Governo Federal, são os estados e municípios que pagam os salários da educação básica, gerando uma discrepância salarial entre os 27 estados brasileiros.

Estado	Média Salarial
Distrito Federal	R$ 5.167,64
Pará	R$ 4.341,34
Maranhão	R$ 4.223,44
Santa Catarina	R$ 4.219,02
Mato Grosso	R$ 4.187,99
Mato Grosso do Sul	R$ 4.071,85
Espírito Santo	R$ 3.924,32
Goiás	R$ 3.873,49
Rondônia	R$ 3.811,61
Roraima	R$ 3.660,94
Minas Gerais	R$ 3.631,20
Tocantins	R$ 3.496,85
São Paulo	R$ 3.464,68
Pernambuco	R$ 3.435,84
Rio de Janeiro	R$ 3.399,90
Acre	R$ 3.386,51
Paraíba	R$ 3.329,40
Bahia	R$ 3.267,77
Piauí	R$ 3.110,70
Paraná	R$ 3.049,56
Amazonas	R$ 2.960,57
Rio Grande do Sul	R$ 2.944,78
Sergipe	R$ 2.797,33
Alagoas	R$ 2.550,29
Ceará	R$ 2.496,07
Amapá	R$ 2.078,36
Rio Grande do Norte	R$ 1.798,51

Veja que nem todos os estados cumprem o piso estipulado pelo Governo Federal, o que pode acabar gerando certa desmotivação na profissão.

Local de trabalho

No início da carreira, o professor pode ser designado para uma região que nem sempre deseja atuar. Por vezes longe da sua residência, gerando um desgaste físico e emocional do deslocamento entre casa e trabalho.

Apenas após alguns anos de carreira que o professor "ganha pontos" e pode solicitar a transferência para outra escola. Mas até lá, alguns professores iniciais tendem a desistir da carreira.

Ser professor em países europeus: condições de trabalho

Tendo em vista todas as dificuldades que apresentamos para ser professor no Brasil, muitos devem pensar... será que em outros países as dificuldades serão as mesmas ao ministrar aulas?

Veja quais os cursos necessários para dar aula em outros países.

Na Europa, por exemplo, as condições de trabalho não são iguais em cada um dos países.

Ser professor na Alemanha

Na Alemanha, o professor passa em média 21 horas de aula por semana na frente dos seus alunos. O número de dias de férias é 6 semanas no verão e 4 semanas alternadas no restante do ano letivo.

Aqui, os professores também acabam aproveitando o período de "férias" para trabalhar e preparar aulas. Portanto, eles não tem 10 semanas de férias como esperado.

Quanto a remuneração, um professor alemão pode ganhar até € 60.163 por ano no início da carreira.

Para se tornar um professor na Alemanha, os futuros professores seguem cursos dedicados à educação, onde realizam treinamento prático ao longo do curso e são treinados para lecionas as disciplinas.

Ser professor na Finlândia

A Finlândia é frequentemente apontada como um exemplo em relação ao seu sistema educacional. Por lá, tudo é feito para que a escola se adapte aos alunos, e não o contrário. Para que isso funcione, os professores são livres para criar o estilo pedagógico que quiserem. O sistema finlandês acredita que estão em melhor posição para apoiar os alunos.

Os cursos são bem diferentes do Brasil, pois lá os alunos aprendem trabalhos manuais na escola primária, como costura, tricô, marcenaria... Durante o ciclo secundário, os alunos também podem optar por cursos de culinária, fotografia ou outros.

Quanto ao tempo de aula, os professores dão em média 18 a 24 horas aulas por semana. As férias prolongadas são nos meses de junho, julho e meados de agosto. Além disso, não há aulas durante uma semana em novembro e também entre o Natal e o Ano Novo. Há também uma semana de férias no inverno e uma semana na Páscoa.

Ser professor na Itália e na França

Ser professor nesses países é bem parecido. O professor dá 18 horas de aulas por semana para seus alunos. Para lecionar, passam num concurso depois de ter cursado o ensino superior em pedagogia ou na área que desejam lecionar.

O ano letivo na Itália é um pouco mais curto do que na França. As férias longas nos dois países é durante o verão europeu.

As condições do docente em outras partes do mundo

A profissão de docente existe em todos os países do mundo. Mas esta profissão não é considerada da mesma forma de acordo com os países e seus governos, o que afeta muito as condições de trabalho ao redor do mundo.

Os sistemas educacionais canadense e finlandês estão entre os mais respeitáveis do mundo. De maneira geral, os países do norte da Europa têm um sistema de ensino bastante eficiente, que respeita os professores tanto quanto os alunos e que também remunera bem os professores. Afinal, nem só de amor a profissão vive um docente, ele precisa também pagar as contas.

Algumas disciplinas são comuns em diversos países do mundo.

De acordo com uma pesquisa da Fundação Varkey, os países onde os professores têm mais reconhecimento da população são China, Malásia e Taiwan. Talvez seja por isso que nos países asiáticos, os professores são altamente respeitados pelos alunos nas escolas.

Em relação aos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, o Brasil é aquele que possui o menor piso inicial da carreira de professor.

Já nos Estados Unidos, apesar dos salários mais justos que no Brasil, os professores de escolas públicas com alunos de baixa renda, podem encontrar desafios bem semelhantes com os professores daqui.

Deu para ver que ser professor envolve uma série de questões, seja no Brasil ou em qualquer outro país do mundo. O primeiro fator essencial para quem quer seguir a docência, é amor ao ensino.