Prestar atenção nas nossas crianças e adolescentes é um dever dos pais e educadores. A promoção da saúde e do bem-estar das crianças deve ser um constante trabalho de parceria entre as instituições de ensino e as famílias. O acompanhamento pedagógico e psicológico é muito importante.
É comum entre as crianças, e principalmente entre os adolescentes, que eles não gostem de ir à escola. A rotina de estudos, o acordar cedo e outros fatores podem ser alguns aspectos que levam a esse "não gostar".
Porém, entre odiar a escola porque é obrigado a ir, e ter uma fobia escolar tal que é impossível pôr os pés na escola, existe uma grande diferença! Não esqueçamos que a educação básica é obrigatória dos quatro aos dezessete anos no Brasil, conforme o Plano Nacional de Educação
Como então você pode distinguir em seu filho os sintomas da verdadeira ansiedade acadêmica e não a expressão de desgosto pelo sistema educacional ou desinteresse em aprender?
Para ajudá-lo, damos a seguir algumas dicas sobre a fobia escolar que serão úteis para estar mais bem preparado diante dessa possibilidade.
Quando você deve prestar atenção à fobia escolar?
A fobia escolar pode se desenvolver a qualquer momento durante a escolaridade de uma criança. No entanto, existem algumas etapas que são mais críticas do que outras, principalmente aquelas de transição do ensino.
As idades fundamentais são, principalmente:
- A transição para o Ensino Primário, aos 6-7 anos.
- A transição do Primário para o Fundamental, aos 11-12 anos.
- A transição para o 6º ano, aos 13-14 anos.
- A transição para o Ensino Médio aproximadamente aos 15-16 anos.

O ensino médio corresponde a um período mais complicado do que aquele vivenciado durante o ensino fundamental. Entre os 15 e os 17 anos, os adolescentes passam por muitas mudanças no corpo e na mente.
Portanto, é fundamental estar atento a qualquer mudança de caráter de um dia para o outro nesse período e ficar atento aos comportamentos adotados sem aviso prévio.
As mudanças da vida
A criança ou adolescente pode desenvolver fobia escolar se em determinado momento acontecer algo em sua vida pessoal como:
- Mudança de cidade
- Mudança de escola
- Separação dos pais
- Morte de um ente querido...
Isso pode ser um gatilho para uma fobia escolar. Por esse motivo, você deve ficar alerta caso perceba alguma mudança repentina na vida do seu filho. Não hesite em falar com ele e consultar um especialista, quando chegar a hora, antes que surja uma fobia escolar ou um estado depressivo mais grave.
Um caráter sensível e/ou outros fatores de risco
Se seu filho for sensível, tímido e solitário por natureza, ele terá maior probabilidade de desenvolver fobia escolar. Esteja ciente disso. Da mesma forma, se seu filho tem problemas de aprendizagem, transtornos autistas, TDAH ou é precoce, é mais provável que ocorra recusa escolar.
O papel da escola
A escola desempenha um papel vital na detecção da fobia escolar. É muito importante que o professor saiba identificar para então acionar um possível acompanhamento pedagógico ou até psicológico. Às vezes, os sinais são fracos demais para os pais perceberem. Porém, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais rápido e eficaz será o tratamento.

Caso o aluno falte com frequência, independentemente de você ter conhecimento disso ou não, a escola deverá informá-lo e considerar a situação de fobia escolar.
Como se expressa a ansiedade na fobia escolar?
Para identificar a fobia escolar, existem várias opções. A primeira é a verbalização da ansiedade pela criança. Se ele expressa diretamente para você seu medo da escola, ele diz que não quer ir, que fica nervoso só de pensar nisso... nestes casos, não hesite em conversar com seu filho, sem pressioná-lo, mas com o objetivo de compreender a causa de sua ansiedade escolar, que pode se tornar mais presente na hora de ir para a escola.
Não hesite em pensar em uma possível fobia escolar se seu filho faltar com frequência (mesmo que você não saiba) e você o vir ansioso. Ele poderia racionalizar suas repetidas ausências para justificar sua recusa em ir às aulas: medo por causa de um exame ou prova, crítica ao ensino dos professores, medo de ser rejeitado ou de ser ridicularizado por outros...
Nesse caso será mais fácil para você ajudá-lo, então converse com a escola sobre isso e busque soluções para que seu filho melhore e volte a frequentar às aulas.
As manifestações somáticas da fobia escolar
Embora às vezes a criança consiga verbalizar claramente a fobia escolar, ela também pode assumir outras formas diversas e variadas e ser expressa através de sintomas mais implícitos como:
- Dor de estomago
- Náusea
- Suores
- Dor de cabeça
- Dermatites
- Desconforto...
Estas manifestações estão particularmente presentes quando se aproxima o horário escolar ou no domingo à noite, quando a semana recomeça. Isso pode acontecer no carro, pouco antes de sair para a escola.
Manifestações mais explícitas podem surgir caso a criança ou adolescente seja obrigado a frequentar a escola e ir à aula:
- Vômito
- Lágrimas
- Ataques de ansiedade
- Dificuldade ao respirar
- Atitudes violentas para com os pais ou consigo mesmo...
Nesse ponto, será impossível conversar ou argumentar com a criança. Se você ceder ao pedido, a criança ou adolescente se acalmará e provavelmente prometerá voltar à escola no dia seguinte. Nesses casos, será mesmo necessário procurar ajuda de um profissional.
Os sintomas desaparecem tão rapidamente quanto aparecem. Porém, a cena se repete de forma idêntica ou com novos sintomas nos dias seguintes.

Às vezes, a criança consegue chegar à escola, mas uma vez lá ou na aula, será obrigada a ir à enfermaria e voltar para casa porque a ansiedade é muito grande.
Também em outras ocasiões, a ansiedade pode ser desencadeada por um comentário ou mesmo por uma briga com um colega ou professor, como ocorre no estresse pós-traumático.
Os sintomas desaparecem nos finais de semana e durante as férias escolares, mas às vezes reaparecem com a simples menção da escola.
Porém, a criança mantém a alegria de aprender e em nenhum caso se recusa a trabalhar em casa ou ter aulas de reforço escolar educação infantil individuais.
Mas se não for tratada, esta ansiedade acadêmica pode ter repercussões noutros elementos da sua vida extracurricular. A criança ficará cada vez mais confinada em casa e correrá o risco de se isolar, deixando de lado todas as atividades em grupo.
Sem tratamento adequado, a fobia escolar corre o risco de evoluir para um colapso social e acadêmico cujas consequências podem ser muito graves: isolamento social e emocional, depressão, abandono escolar com graves consequências para o futuro profissional e risco de marginalização.
Outros sintomas comportamentais da fobia escolar
Além da verbalização e das manifestações somáticas, existem também outros sintomas mais relacionados ao comportamento que podem alertar para uma possível fobia escolar e que você como pai ou educador pode estar atento:
- Dificuldade em sair de casa, não só para ir à escola, mas também para qualquer outra atividade
- Faltar às aulas repetidamente
- Fortes reações emocionais marcadas por ansiedade e pânico
- Recusar-se a ir à escola sem apresentar qualquer motivo específico
O que dificulta o diagnóstico é o fato da criança não verbalizar e não haver outros sinais. A criança pode continuar com suas atividades extracurriculares sem problemas, por exemplo, e não apresentar sinais evidentes de ansiedade.
A fobia escolar não deve ser confundida com outros transtornos
A fobia escolar não deve ser confundida com outros transtornos cujos sintomas às vezes são semelhantes:
- Evasão escolar: a criança não vai à escola sem o conhecimento dos pais e sai com outras crianças, correndo o risco de desenvolver comportamentos desviantes. São aqueles jovens que "matam" aula para divertir-se com os amigos ou por outro motivo. Pelo contrário, a fobia escolar geralmente não é escondida pela criança (mas acontece).
- Recusa em aprender: está mais relacionada ao abandono escolar. Nesse caso, a criança não fica ansiosa, mas sim triste com a escola. Ele não quer mais aprender e suas notas despencam. Isso pode acontecer com uma criança precoce que fica entediada na escola, por exemplo.
- O vício em videogame às vezes pode parecer uma fobia escolar. Porém, existem outros sintomas que diferem: distúrbios do sono, comportamento antissocial, agressividade, baixo desempenho...isso também pode ser consequência da fobia escolar se a criança não frequentar a escola.

A fobia escolar é um distúrbio em si. Não hesite em consultar um profissional para determinar se seu filho tem ansiedade de rejeição escolar ou outro tipo de transtorno.
Por exemplo, no caso de absenteísmo repetido, é importante diferenciar claramente a fobia escolar da falta de interesse pela escola, de comportamentos de dependência ou mesmo de abuso (extorsão, assédio, etc.).
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Como diferenciar a fobia escolar de um medo ou fobia temporária?
Também pode acontecer que a criança ou adolescente sinta um medo ou fobia temporária à ideia de ir à escola (provas, professor não gosta, tédio na aula, retorno das férias ou qualquer outra razão).
Para Marie-France Le Heuzey, psiquiatra infantil especializada em distúrbios escolares, tudo é uma questão de duração: “é necessário que o conjunto de sintomas mencionados acima se reproduza ao longo do tempo para que possamos falar de fobia escolar”. Se for algo temporário, provavelmente não é uma fobia.
Se os sintomas são persistentes e se tornam um verdadeiro impedimento para que a criança continue normalmente a escolaridade, então podemos sim falar em fobia escolar. Bons resultados no tratamento do aluno envolve também a participação ativa da família no processo.