Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção.
Paulo Freire
No Brasil, as leis 9279/96 regula os direitos e obrigações sobre à propriedade industrial e a Lei 9610/98 altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Há uma legislação que garante o direito do autor, e prevê punições que vão desde multa a apreensão para aqueles que comentem o crime de plagiar alguma obra.
Mas ensinar é um ato sublime, e cabe ao professor informar aos seus alunos sobre os riscos de cometer plágio, bem como sobre a importância de ter suas próprias ideias e produções.
Respeitar a lei de propriedade intelectual e direitos do autor é importante ao longo da vida, e principalmente durante a vida acadêmica. Mas nem sempre é fácil respeitar a lei. Às vezes, ao fazer a leitura de diversos materiais para fazer o nosso trabalho, podemos transcrever, mesmo que involuntariamente, algum pensamento já dito por outra pessoa, sem dar o devido crédito.
Mas mesmo que o plágio não seja proposital, cabe ao professor orientar o aluno e instruir sobre como se inspirar e usar as ideias de outras pessoas para não incorrer no crime de plágio. Por isso é importante saber o que acontece quando encontrar um caso de plágio entre seus alunos? Que medidas você pode e deve tomar?
No decorrer desse artigo vamos tentar deixar orientações sobre esse tema e como agir diante de uma situação dessas.
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Treine os alunos sobre plágio
Plágio é o ato de reproduzir, palavra por palavra, uma frase ou texto escrito por outra pessoa que não você mesmo, sem citar o nome e a referência. O plágio pode ser difícil de entender às vezes para certos alunos. Embora o plágio de frases, sem citar o autor, pareça fácil de evitar, é muito mais complexo entender como uma ideia pode ser “roubada”.

Na verdade, o plágio não se limita apenas ao roubo de palavras. Mas é antes um roubo intelectual. Os alunos pegam "emprestado" grandes ideias de um autor sem citar a referência. Porém, acredite ou não, esse ato é proibido por lei. Há quem tente fazer a sua parte, já que a fronteira é bastante confusa e os alunos nem sempre sabem muito bem como lidar com as fontes e as informações.
A chegada da Internet não ajudou, de alguma forma, a aliviar essa situação, muito pelo contrário. Os alunos habituaram-se a pesquisar online e a recorrer ao famoso “copiar e colar”, o que pode agravar ainda mais a situação.
Os casos de plágio são, portanto, cada vez mais frequentes, às vezes por vontade real de trapacear e levar vantagem e outras por falta de conhecimento das regras.
Por isso, é fundamental por parte dos professores, educar os alunos sobre a pesquisa documental e a devida referência. Os alunos devem ser capazes de compreender o que é permitido, como repetir frases sempre que o autor é citado. Por fim, os professores devem conhecer métodos para detectar adequadamente o plágio.
Na realização de qualquer trabalho será sempre necessário recolher uma bibliografia ou referências com todas as fontes que foram consultadas ao longo do trabalho. Para realizar este tipo de seções você encontrará manuais e regras na universidade, tutoriais na internet ou páginas especializadas, dependendo do tipo de formato desejado. O professor precisa conhecer as regras de citação para ajudar os seus alunos.
No contexto das aulas particulares, nunca é demais revisar a etapa de documentação para garantir que o aluno esteja familiarizado com os conceitos básicos e saiba o que é ou não permitido. Dar aulas particulares não é apenas ajudar nas tarefas de casa.
Entenda os motivos que levaram o aluno a recorrer ao plágio
Os alunos que recorrem ao plágio sempre têm um motivo. O segredo é entender qual foi o motivo para que o problema seja resolvido para que o aluno nunca mais precise recorrer a ele. Embora muitos tendam a pensar que o plágio é a primeira coisa que os alunos fazem quando não querem fazer um trabalho, recomendamos que você se sente com eles para discutir e entender melhor os motivos que os levaram a fazê-lo.

Em alguns casos, o plágio é um descuido que o aluno ignorou. Talvez ele tenha esquecido de adicionar as aspas e o nome do autor. Também é possível que ele pensasse que bastaria parafrasear o texto de um autor para não citar o nome. Da mesma forma, é muito comum que o aluno tenha planejado previamente não deixar essas frases no texto e as tenha guardado apenas para lembrar a ideia principal. Todos esses “erros” podem ocorrer, por isso os alunos precisam repensar a pesquisa documental e a forma como as fontes são citadas.
O plágio também pode revelar falta de autoconfiança por parte do aluno. Por isso é importante saber como detectar o plágio nos trabalhos. Já que a ideia foi tão bem escrita por terceiros, por que reformulá-la? Alguns alunos sentem-se incapazes de reescrever certas ideias de uma forma diferente e não por vezes eles não têm confiança nas suas capacidades de escrita. Por esses motivos, preferem escolher frases de outras pessoas para compor o seu trabalho.
É claro que alguns alunos também recorrem ao plágio propositalmente, com o objetivo de terminar mais cedo. Existem vários motivos que podem explicar essa escolha. O aluno pode copiar textos por preguiça na hora de opinar sobre algo. Esses alunos ficam maravilhados em encontrar apresentações e tarefas on-line que podem copiar facilmente. A Wikipédia costuma ser sua grande aliada.
Há também outros que recorrem à cópia porque não tiveram tempo para fazer o trabalho. Nesse caso, o remédio será supervisionar a organização do aluno e entender porque ele não consegue se organizar na hora de realizar as tarefas. Por distração? Por obrigação familiar? Por falta de metodologia? Por não conseguir gerenciar o seu tempo?
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Evite que o aluno repita a prática em outros trabalhos
O plágio é intolerável em qualquer nível de ensino, por isso é necessário reagir aos casos de plágio e não deixar passar este tipo de comportamento dos alunos para os níveis superiores. Não se trata tanto de punir um aluno por colar, mas sim de garantir que ele adote bons hábitos para não ser penalizado mais tarde, na faculdade ou mesmo no trabalho.
Embora o plágio possa estar sujeito a punição simples no ensino fundamental ou médio, uma vez na faculdade, o plágio pode ter sérias consequências no futuro acadêmico do aluno.
Por isso, adotar bons hábitos é fundamental desde os primeiros anos do ensino.
Se for descoberto que um aluno trapaceou, será necessário entender por que ele plagiou e também lembrá-lo do que é plágio e que é uma prática que não deve ser repetida. Rever os métodos de pesquisa bibliográfica e a forma como as fontes devem ser citadas parece, portanto, um aspecto fundamental quando se trata de garantir que o aluno não repita o erro em outro trabalho.
Quer saber quais são os melhores programas para detectar plágio? Já temos ferramentas que ajudam os professores a detectar similaridades de trabalhos e podem ajudar a entender melhor onde faltam citações.
Sanções que podem ser aplicadas em caso de plágio
Como já referimos, também pode acontecer que os alunos recorram voluntariamente ao plágio para obter uma nota melhor ou terminar mais cedo um trabalho.
Neste caso, e se o plágio se repetir por mais vezes, poderão ser impostas sanções pelo professor. Estas sanções serão mais eficazes se forem construtivas e pedagógicas, como por exemplo solicitar que o aluno refaça o trabalho. Desta forma, o aluno poderá rever o seu método de trabalho e realizar um verdadeiro trabalho de reflexão.

Outra opção é que o aluno realize um trabalho sobre como citar corretamente os autores consultados. Como por exemplo aprender mais sobre as normas ABNT. Essa pode ser uma oportunidade perfeita para o professor ajude o aluno a evitar o plágio.
Outro tipo de punição poderia ser pedir ao aluno que fizesse um trabalho especificamente sobre o tema plágio na academia. Nesse trabalho o aluno poderá fazer sua própria pesquisa sobre o que é plágio e suas consequências. Ao buscar informações sobre plágio, o aluno conseguirá assimilar essas informações com mais facilidade.
Claro, o segredo é saber reagir de forma proporcional. O plágio ocasional de um aluno não é o mesmo que o plágio de um trabalho apresentado para efeitos de obtenção de grau (projetos de conclusão de curso, mestrado, teses de doutorado).
Que medidas tomar em caso de plágio
O plágio é um crime que acarreta uma série de sanções, como vimos. As punições previstas pela lei vão de prisão ao pagamento de multa, principalmente se o plágio foi realizado para ter alguma vantagem financeira. Como professor, pode então surgir a questão de informar outras pessoas sobre o plágio de um aluno.
Novamente, trata-se de reagir proporcionalmente. Se o aluno recorre pela primeira vez ao plágio, o objetivo é sobretudo que não volte a cair nele e, portanto, deve-se recorrer à pedagogia e a conversa. Se o aluno já for reincidente, você pode considerar conversar com outros professores, no caso de um diploma universitário, ou conversar com os pais, no caso do ensino fundamental ou médio.
Há casos que até podem ser elevados ao nível da direção da escola ou faculdade, mas seria para casos mais graves.
As consequências do plágio no campo educacional
Plágio de um texto pode ter consequências graves. Na verdade, o plágio é proibido por lei, como vimos no início do artigo. Além disso, está incluído no Código Penal Brasileiro, previsto no artigo 184 do Decreto Lei nº 2.848 de 1940.
Qual risco corre um aluno ao realizar o ato de plagiar?
Especificamente, na escola ou no ensino médio, as sanções são menores. Geralmente não é levado a um nível superior e costuma ser combinado entre alunos e professores, ou no máximo com o diretor da escola. Por outro lado, se um caso de plágio for registrado na universidade, as sanções podem ser mais graves, desde uma simples advertência até a proibição de realizar qualquer exame.
Há momentos em que se organiza uma comissão disciplinar onde podem ser ouvidos diferentes pontos de vista e, consequentemente, pode ser aplicada uma determinada sanção.
Do ponto de vista jurídico, os autores do plágio podem ser devedores de indenização, prisão ou multa.
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Muito bom
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