Você é apaixonado por xadrez? Já assistiu a série "O Gambito da Rainha" na Netflix? Podemos dizer que essa produção de sucesso impulsionou o xadrez para os holofotes internacionais, muito mais do que qualquer outro filme, livro, torneio ou curso de xadrez. Já pensou em fazer aulas com um excelente mestre até tornar-se um aluno avançado?
Talvez tal feito tenha algo a ver com a protagonista ser uma mulher.
Se considerarmos todos os jogadores de xadrez oficiais no mundo, encontraremos somente 37 mulheres em meio a centenas de homens.
No entanto, vamos focar no sucesso da série e no quanto ela está contribuindo para a popularização do jogo. Já tem até mais pessoas procurando por aulas de xadrez! Afinal, nelas o aluno aprende lances e regras, conhecimentos indispensáveis para tornar-se um campeão.
Então, se você anda vasculhando as lojas online em busca do melhor conjunto de xadrez que pode comprar - ou procurando pelo seu sótão e armários (quem sabe aquelas peças que você usava para brincar na infância com seus primos ainda estejam por lá), lembre-se que ainda terá um missão após encontrá-las: aprender (ou relembrar) como jogar.

Provavelmente o primeiro passo é reconhecê-las: o que é possível fazer, qual o valor de cada uma na partida e o quanto ela pode impactar na sua performance.
No artigo de hoje, vamos apresentar as peças que compõem o seu tabuleiro. Acompanhe!
Uma breve história do jogo de xadrez
O ato de jogar xadrez deriva de uma modalidade chinesa chamada xiangqi (jogo do elefante ou jogo de figuras, se considerarmos os ideogramas que o representam). Embora esse último tenha suas origens por volta do ano de 1500aC, o xadrez que conhecemos hoje existe há cerca de 6 séculos. E ele ainda sofreu influências do chaturanga, praticado na India e na Pérsia à época.
"Disse um grande mestre que o xadrez é a miniatura da vida. Mas se você for comparar a grandiosidade e complexidade de uma partida de xadrez, tão completa e tão instigante e intuitiva, verá que há coisas que na vida não cabem. Eu prefiro dizer que a vida é o xadrez em miniatura." Rodrigo Cardoso Ulguim
Pensando no xadrez pelas lentes da história, faz todo o sentido que os peões sejam os primeiros a entrar na batalha, que a rainha possa se mover sem restrições e que o rei deva ser protegido a qualquer custo. Isso talvez ajude a explicar por que, uma vez que um peão se move para a oitava fileira, ele é promovido à "classificação" que o jogador que o possui desejar. O final ainda é decidido apenas com base nas opções do rei: afogamento ou xeque-mate.
Em uma aula de xadrez você pode aprender que os peões promovidos tornam-se rainhas, cavalos, torres ou bispos, de acordo com o que o jogador responsável por eles decidir. Porém, cada jogador pode ter apenas um rei, e é por isso que o peão não pode ser promovido a rei.
Seu professor de xadrez já comparou o xadrez com a história alguma vez?
Vamos lá!
- As torres representam as paredes da fortaleza, portanto devem ficar do lado de fora da escalação;
- Os cavaleiros, com sua habilidade de saltar sobre obstruções e viajar por longas distâncias, não precisam estar tão próximos dos soberanos;
- Os bispos, presumivelmente atuando como conselheiros, deveriam ficar ao lado de seus mestres;
- As rainhas que na vida real se enfrentariam, também deveriam se enfrentar no tabuleiro;
- Toda a linha real fica atrás de uma linha de peões.
O peão
Ao fazer um curso de xadrez online ou presencial, você vai ver, logo nas primeiras lições que o peão é o primeiro a entrar na batalha. Ao mesmo tempo, ela é importantíssimo para a estratégia ao jogar. Pode-se, por exemplo, preferir aberturas nas quais os peões do rei avançam duas casas para o confronto direto. O seu professor já propôs partidas com abertura espanhola ou italiana? Já ouviu falar na defesa siciliana nas aulas xadrez?
Entenda a fundo a defesa siciliana!
No entanto, apesar de todo o seu potencial poder, os peões são as peças menos móveis. Eles podem fazer um movimento de duas casas apenas uma vez, no momento em que deixam a sua posição inicial. Depois disso, "andam" somente para a frente (ainda que em diagonal), uma casa por vez, a menos que estejam atacando.
Embora o rei tenha maior liberdade de movimento, para ele também é permitido somente uma posição por vez. A diferença é que ele pode andar em qualquer direção, para qualquer casa colorida. Na aula xadrez, você vai ver que os peões só podem atacar na diagonal. Se confrontarem peças do adversário à frente, ficarão bloqueados até que essa peça se mova.
Os peões não são limitados a atacar apenas peões dos adversários, também podem atacar outras peças.
Apesar de toda a sua utilidade, recebem apenas um ponto, a não ser que consigam percorrer todo o tabuleiro, o que os levaria a uma promoção. Mas antes de pensar que trata-se de peças descartáveis, experimente perguntar ao seu professor xadrez sobre estratégias comuns à partida, implementadas em seu início, e que dependem da posição dos peões. Encontrar professores para aula de xadrez online ou presencial, que estejam dispostos a falar sobre tais estratégias, pode mudar totalmente a sua visão do jogo.
O bispo
Lembre-se da aula de história. Vamos pensar nos conselheiros de um rei medieval: eles tinham muito conhecimento e possivelmente eram bastante habilidosos em pensar estratégias. Porém, no que diz respeito à ação, deixavam que outros executassem os trabalhos. Pois assim são os bispos do xadrez.
Eles devem mover-se na diagonal e sempre para casas da mesma cor. O bispo preto ao lado do rei, por exemplo, só pode andar por casas escuras, enquanto o bispo branco ao lado da rainha só pode andar por casas claras. Apesar dessas limitações, os bispos podem caminhar até onde desejarem, parando apenas no momento da captura de uma peça. Ou quando chega à posição que o jogador pretende!

No curso xadrez você vai perceber que, assim como a maioria das outras peças, o bispo não pode pular por cima de peças da sua cor. Talvez isso explique por que a abertura espanhola é a mais comum: ela libera o bispo e a rainha brancos, sem dar o mesmo poder aos pretos. Devido a esse poder restrito, cada bispo recebe três pontos.
O cavalo
Estamos falando da única peça do xadrez que não precisa se importar se existe alguma outra à sua frente. Ela, com seu poder de movimento incomum, pode saltar sobre qualquer outra peça, branca ou preta. O cavalo percorre duas casas de cada vez. Conheço gente que descobriu isso em uma aula gratuita de xadrez online. Esse caminho é feito em forma de L, uma casa lateral/reta e uma diagonal. A direção pode ser para frente, para trás, ou para os lados. São incomparáveis no comando do centro do tabuleiro. No entanto, o cavalo, assim como o bispo, é limitado a três pontos.
Que tal aprender mais sobre a notação de xadrez? E os tutoriais desse incrível jogo não se limitam a alunos de um curso ou aulas particulares. Você pode acessá-los pela internet em aula grátis ou encontrar um excelente professor para aprender xadrez e tornar-se campeão nas próximas partidas.
A torre
Como uma cidade medieval se defenderia sem muralhas? Como ficaria o rei de um jogo de xadrez sem a força de sua peça mais externa? Com a torre, estamos adquirindo um poder maior. Ela se move na horizontal ou vertical, por quantas casas quiser, desde que o caminho não esteja bloqueado por peças da mesma cor. Além disso, representa uma saída secreta para um rei em apuros.
Em um curso online com professores particulares, você provavelmente vai simular o roque, uma jogada que só pode ocorrer quando:
- o rei e a torre ainda não saíram da sua posição inicial;
- não há outras peças entre o rei e a torre;
- o rei não está em xeque;
- o rei não passará por nenhuma posição sob ataque;
- o rei não parará em uma casa em "perigo";
- só pode acontecer uma vez durante o jogo.
É essa possibilidade e a versatilidade da torre que lhe conferem o valor de cinco pontos.
A rainha
Aqui está o verdadeiro poder do xadrez! Alunos iniciantes talvez se deem conta disso antes de chegarem ao avançado. A rainha é a peça de maior mobilidade em uma partida, já que ela pode mover-se como a torre ou o bispo, seja qual for a sua estratégia. Na realidade, a única peça que ela não pode imitar é o cavalo, já que seus movimentos e poderes são únicos. Além disso, ela não pode saltar sobre outras peças do tabuleiro.

Ainda assim, a rainha é o poder - vale nove pontos. Também é (ou pelo menos deveria ser) objeto de captura de todos os jogadores.
O rei
Embora o título soe imponente, o rei está longe de ser a peça mais poderosa em uma partida. Entender isso nas aulas de xadrez com bons professores pode fazer de você um campeão na modalidade. Ele pode andar uma casa por vez, em qualquer direção, e está sob constante ameaça. No entanto, quando o perigo for iminente, ele deve ser avisado que está em xeque.
Lembre-se de que cada lado pode ter somente um rei, e o peão não pode ser promovido a rei. Aliás, tecnicamente, até poderia, mas a partida terminaria empatada. Já imaginou dois reis reivindicando o mesmo trono?
O rei não recebe pontos.
O livro no qual "O Gambito da Rainha" se baseia foi publicado em 1983, embora a história se passe no final dos anos 50. Ela se assemelha à vida de Bobby Fischer, que foi campeão de um torneio com apenas 14 anos; mesma idade da protagonista Beth Harmon. No livro, ela luta contra o vício em tranquilizantes, enquanto Bobby, na vida real, enfrentou problemas de saúde mental. Em 1972, Bobby derrotou Boris Spassky, tornou-se famoso e despertou o entusiasmo pela modalidade em muitas pessoas. Será que podemos considerar que a série tem o mesmo efeito sobre a geração de hoje?
Que tal começar a procurar pelo seu professor de xadrez agora mesmo?