O cavaquinho é um instrumento de corda, ou cordofone, com o formato de uma viola ou violão pequeno. Com as suas quatro cordas metálicas, certamente esse instrumento musical tem uma grande importância na cultura popular brasileira, o que faz por vezes pensarmos que ele tem origem no nosso país.
Mas esse pequeno instrumento, que se adaptou e se integrou completamente a musicalidade brasileira e é peça fundamental em diversos gêneros musicais do nosso país, tem origem dos nossos colonizadores portugueses. Sim, o cavaquinho, assim como o nosso idioma, veio das terras lusitanas.
Acompanhando os navegantes portugueses, o cavaquinho difundiu-se por outros países e ilhas e se popularizou especialmente no Brasil a partir do século XIX. Sua sonoridade e sua capacidade de animar qualquer ritmo, tornou esse instrumento tão popular em nosso país.
No Brasil, sua influência é enorme, principalmente na música popular. Um dos instrumentos mais característicos do samba, do choro e de outros estilos musicais brasileiros é o cavaquinho. Além de ser usado em solos e improvisações, ele é fundamental para a formação de arranjos e marcação rítmica.
Quer saber tudo sobre o cavaquinho? Sua história e suas origens? Suas variações e sonoridades? Então continue a leitura e conheça mais sobre a história desse instrumento.
O cavaquinho e suas raízes portuguesas
A origem do cavaquinho remonta o século XVII, em Portugal, na região do Minho. Acredita-se que sua origem venha de instrumentos gregos de corda. Com a navegação portuguesa, esse instrumento saiu de Braga, foi para Lisboa e conquistou o mundo. É muito popular em vários países falantes da língua portuguesa como o Brasil, Cabo Verde, Moçambique e a Ilha da Madeira.
Está presente por todo o Portugal, de norte a sul, nas ilhas da Madeira e dos Açores. É especialmente popular no Brasil e chegou também no Havaí com o nome de ukulele e com algumas novas características de sonoridade e tamanho.

O instrumento musical de corda, com o corpo oco, semelhante a um violão em miniatura, tem um som agudo e assume funções rítmicas importantes. As primeiras referências da fabricação de cavaquinhos são na região de Braga e Guimarães. Era um instrumento muito popular em Portugal e era tocado nas rusgas minhotas. Ainda hoje é muito comum ver o instrumento ser tocado por estudantes universitários nos grupos de praxes em Portugal.
A primeira versão desse instrumento é o cavaquinho minhoto, nome dado já que sua origem é a região do Minho. A variação nessa região é o cavaquinho machinho. Os minhotos são produzidos em pinho, nogueira ou cerejeira, mas podem ser encontradas versões em choupo ou tília.
Em Portugal temos diversas variações do instrumento. Temos o cavaquinho de Lisboa, com um braço mais curto e a caixa mais larga que a versão do Minho. O instrumento também é muito popular no Algarve e na Madeira. Nessa última ilha ele tem algumas variações, conhecido por machete ou braguinha. A variante mais diferente da ilha da Madeira é o cavaquinho rajão, que diferente das outras versões tem cinco cordas e uma escala de 17 trastes.
Adaptação e popularização no Brasil
O cavaquinho chegou ao Brasil nas caravelas portuguesas e encontrou aqui um terreno muito fértil. Rapidamente entrou como um instrumento principal de diversos gêneros musicais, mas principalmente no choro e no samba.
A versão de cavaquinho brasileiro é um pouco maior que a do cavaquinho português. A caixa tem um bojo inferior maior e mais profunda e assim como os cavaquinhos da Madeira possuem 17 trastes. A afinação do cavaquinho no nosso país é normalmente em Ré-Si-Sol-Ré, dos agudos para os graves.
Hoje, esse instrumento é um símbolo da nossa cultura popular, e ouso dizer que é mais popular no Brasil que em Portugal. Adaptamos o instrumento a nossa sonoridade, e músicos brasileiros importantes como Waldir Azevedo e Canhotinho deram uma roupagem brasileira a esse instrumento português.
Temos outros nomes muito importantes nesse instrumento, como o já citado Canhotinho, além de Augusto Sardinha e mais recentemente Dudu Nobre e Arlindo Cruz.
O cavaquinho marca presença em todas as rodas de samba, pagodes e outros eventos populares e ocupa uma importante posição no cenário musical do nosso país. Em 2022 passou a ser reconhecido como um Patrimônio Cultural Imaterial no Inventário Nacional pela Direção-Geral do Patrimônio Cultural do Brasil.
Mas a versatilidade desse instrumento permite que ele forneça ritmo, melodia e harmonia a diversos outros ritmos brasileiros, não se limitando ao cenário do samba e do pagode. Pode ser tocado em solo ou acompanhado de outros instrumentos. É um instrumento relativamente fácil de aprender, o que ajuda ainda mais com a sua popularização.
Há de se dizer que o cavaquinho, com sua marcante sonoridade, tornou-se um dos instrumentos mais importantes da nossa cultura popular. O Brasil incorporou esse instrumento nos seus principais ritmos como o choro, o samba, o pagode e o frevo. Quando ouvimos o som do cavaquinho já o associamos a nossa alegria e tradição.
Tipos de cavaquinho
Ao longo dos anos, o cavaquinho português sofreu algumas alterações na sua estrutura, adaptando-se a sonoridade de cada região ou país que se integrou. O primeiro cavaquinho que se tem notícia é o cavaquinho da região do Minho, que tem apenas 12 trastes e um braço mais curto. O cavaquinho que encontramos hoje no Brasil tem 17 trastes e é um pouco maior. Os tipos de cavaquinho mais comuns são:
- Minhoto: o original da região do Minho, o pai de todos os cavaquinhos tem uma caixa mais estreita e um braço mais curto em relação ao corpo. É composto por quatro cordas mas existem algumas versões com quatro cordas duplas. Possui 12 trastes e afinação em ré-lá-si-mi.
- Cavaquinho de Lisboa: as variações em relação ao modelo minhoto incluem uma escala de 17 trastes, uma boca redonda e um cavalete que se assemelha ao dos violões.
- Cavaquinho da Madeira: também conhecido como machete ou braguinha, junto ao minhoto é um dos mais representativos do país lusitano. A afinação dele é de agudos para graves, em ré-si-sol-ré, como os cavaquinhos brasileiros. Apresenta as mesmas características do cavaquinho lisboeta.
- Rajão: esse tipo de cavaquinho é uma variação também da Ilha da Madeira. É um cavaquinho de 5 cordas com afinação lá-mi-dó-sol-ré, suas dimensões estão entre um minhoto e uma viola. É muito usado nas danças tradicionais da madeira e tem uma personalidade diferente dos cavaquinhos de Portugal Continental.
- Brasileiro: um pouco maior que o português, nosso cavaquinho tem um corpo maior, especialmente o bojo inferior. Assim como os da madeira, o nosso cavaquinho também tem 17 trastes e a afinação ré-si-sol-ré, apesar de ter uma infinidade de outras variações como a mi-si-sol-ré.
- Cavaquinho de Cabo Verde: assemelha-se a nossa versão mas tem algumas características muito específicas como o corpo muito semelhante ao de um violão clássico, com a boca redonda. Sua escala tem 21 trastes.
- Pacífico ou Havaiano: nessa região o instrumento é comumente chamado de ukulele. Os mais puristas dizem que são instrumentos diferentes, mas suas origens são comuns ao cavaquinho e formas são muito semelhantes. O ukulele tem quatro cordas e diferentes formatos: concerto, soprano, barítono e tenor.
Veja nesse vídeo as principais diferenças do Ukulele e Cavaquinho nesse vídeo.
Além disso, existem três tipos de cavaquinho, o acústico, o elétrico e o eletroacústico. Para quem está começando a aprender, o instrumento mais recomendado é o acústico. A versão elétrica é recomendada para apresentações.
Partes do cavaco: conheça mais desse pequeno instrumento
Apesar do seu pequeno tamanho, esse instrumento tem uma grande personalidade. Seu tamanho reduzido acaba por atrair muitos aprendizes, por ser um instrumento bastante portátil e fácil de carregar.
O cavaquinho é dividido em três partes principais que são basicamente: mão, braço e corpo.
MÃO OU CABEÇA:
Onde ficam presas as quatro cordas nas suas TARRAXAS individuais. Entre a mão e o braço encontramos a PESTANA.
BRAÇO:
Composto por 17 TRASTES (no caso do cavaco brasileiro), onde as CORDAS se estendem e são pressionadas com os dedos.
CORPO:
Caixa de ressonância em forma de oito. É onde encontramos também a BOCA, geralmente em formado redondo e a TAMPA.
Além dessas três partes principais, temos o CAVALETE, que recebe as cordas e transfere a vibração ao corpo através da sua boca.
O cavaquinho brasileiro possui quatro cordas, afinadas em ré, si, sol e ré, do agudo para o grave. Normalmente é tocado com uma palheta, que acionam as cordas. Pode ser usado como um solista, como por exemplo no Choro, ou em agrupamentos, como vemos no pagode e samba.
Uma pessoa que produz ou fabrica cavaquinhos é conhecida como Luthier, já a pessoa que toca o instrumento é chamado de cavaquista ou cavaquinista.
Agora que você já conhece mais sobre a história do cavaquinho, esse instrumento tão popular no nosso país, que tal aprender a tocar cavaquinho ou ter aulas particulares de cavaquinho? A Superprof conta com diversos professores disponíveis para te ensinar os primeiros acordes. Entre em contato com nossos professores e agende uma aula.