Você pode sair de Hong Kong, mas ela nunca sairá de você.
Nury Vittachi
Hong Kong não é um país e sim uma Região Administrativa Especial (RAE) da China, com um elevado grau de autonomia política e econômica, com leis, governo, moeda e passaporte próprios, mas ainda assim faz parte do território chinês. Opera sob o princípio de "um país, dois sistemas". Você deve conhecer essa região através de alguns dos inúmeros filmes do Jackie Chan que se passam nessa grande e importante região chinesa.
Com uma população de 7 milhões de pessoas em uma área de 1 104 km2 é considerada uma das regiões mais densamente povoadas de todo o mundo. É famosa por seus enormes arranha-céus. Os idiomas oficiais são o cantonês e o inglês, sendo o mandarim também muito comum na região.
Quer conhecer todas as curiosidades sobre Hong Kong e toda a sua importância no mundo ocidental? Então continue a leitura do nosso artigo.
História de Hong Kong: de colônia inglesa ao retorno à China
Hong Kong está localizada na parte sul da China, no Mar da China Meridional e possui uma posição estratégica, tornando essa uma importante região comercial e uma ponte entre o oriente e o ocidente. Talvez por essa razão, tenha atraído a atenção dos ingleses no período colonial.
Hong Kong foi colonizada pelo Reino Unido em 1842, após a Primeira Guerra do Ópio, e permanecer sob domínio inglês durante 156 anos. No dia 1º de julho do ano de 1997 a soberania foi devolvida para a China e marcou o fim da última grande colônia inglesa em território asiático. A região tornou-se então uma Região Administrativa Especial chinesa, assim como a sua vizinha Macau, ex-colônia de Portugal.
Confira um resumo da história de Hong Kong ao longo dos anos:
1842
Tratado de Nanking
Depois da Primeira Guerra do Ópio, a ilha de Hong Kong é cedida pela China à Grã-Bretanha.
1860
Segunda Guerra do Ópio
Incorporação da península de Kowloon ao território sob domínio inglês.
1898
Novos territórios
Os novos territórios são arrendados pelo Reino Unido por 99 anos com a Convenção de Pequim.
1912
República da China
Hong Kong torna-se a casa de milhares de chineses exilados do continente.
1982
Início das negociações entre China e Reino Unido
Com a aproximação do fim do arrendamento britânico, os países começaram a conversa sobre os rumos de Hong Kong.
1997
Devolução do território para a China
Hong Kong volta à China como uma RAE.
A transferência do território marca o fim do tão poderoso império britânico. Atualmente, o status político de Hong Kong é o de "um país, dois sistemas". Uma Região Administrativa Especial com certa autonomia do governo central chinês, mas ainda controlada pela China quando se trata da defesa e relações exteriores.

A constante e crescente chegada de chineses vindos do continente proporcionou um rápido crescimento a ilha de Hong Kong. Atualmente é um importante centro financeiro e comercial internacional da China, desempenhando um papel central na economia do país.
Embora sua população seja maioritariamente de origem chinesa, ter sido uma colônia britânica trouxe para essa população características culturais bastante distintas do restante do continente.
Como funciona a autonomia de Hong Kong?
Como já falamos, Hong Kong é uma Região Administrativa Especial da China e governada sob o princípio de "Um país, dois sistemas" que lhe garante autonomia em alguns aspectos, exceto em relação à defesa e as relações exteriores.
Esse sistema garante que Hong Kong mantenha um regime capitalista durante pelo menos 50 anos, enquanto a China continental está atualmente em um regime socialista. As áreas em que há um alto grau de autonomia são:
- Economia: uma moeda própria, um próprio sistema financeiro e a participação em organizações internacionais separado da China.
- Imigração e alfândegas: existem políticas próprias de imigração e alfândega na região. Há um passaporte específico e diferente do passaporte da China.
- Sistema judiciário: há um judiciário independente e um sistema legal baseado no direito comum, embora ainda esteja sujeito à Lei Básica da China.
- Educação, saúde e cultura: mantém suas próprias políticas também nessas áreas.
- Direitos civis: os habitantes de Hong Kong desfrutam de mais liberdade do que o restante da população chinesa.
O fato de ser uma Região Autônoma torna a Ilha de Hong Kong, Kowloon e os novos territórios em um lugar totalmente diferente do restante da China continental. Listamos em uma tabela as principais diferenças entre Hong Kong e a China continental:
Aspecto | China Continental | Hong Kong |
---|---|---|
Sistema político | Autonomia e eleições locais | Governo comunista e controle central |
Idioma | Cantonês e inglês | Mandarim |
Moeda | Dólar de Hong Kong | Renminbi |
Internet | Acesso livre ao Google, Facebook e outras redes sociais | Censurada |
Judiciário | Baseado na Lei Comum britânica | Sistema legal controlado pelo partido comunista |
Apesar de toda essa "autonomia", há alguns desafios e relatos de uma crescente influência do governo central chinês nos assuntos locais, já sendo considerada uma região semiautônoma. Recentemente, a Lei de Segurança Nacional levantou algumas questões relacionadas aos direitos civis e liberdade em Hong Kong. Têm havido protestos e um forte movimento pró democracia a medida que o governo central chinês tenta minar a autonomia da região.
A Lei Básica garante a Hong Kong uma autonomia por 50 anos a partir da sua assinatura, contudo, o futuro da região após 2047 é um tanto quanto incerto.
Conheça a província chinesa de Cantão, vizinha de Hong Kong e Macau.
Por que Hong Kong é tão importante?
O fato de Hong Kong ter sido um território inglês durante mais de um século tornou essa região chinesa um verdadeiro centro cultural híbrido, que mistura influências chinesas e ocidentais. Isso tornou a região um fenômeno em alguns aspectos, como o cinema, a música e a gastronomia.

Hong Kong é o local onde lendas do cinema como Bruce Lee, Jackie Chan e Wong Kar-wai saíram. Produções e filmes de Jackie Chan que marcaram gerações foram gravados na cidade. Os filmes "Amores Expressos" de 1994, e "Amor à flor da pele" de 2000, ambos dirigidos por Wong Kar-wai foram todos ambientados em Hong Kong.
A gastronomia também é um destaque a parte. Famosa mundialmente por seus dim sums, wontons e o chá com leite, a culinária de Hong Kong é muito apreciada. Tomar chá com leite em outras regiões da China é quase um crime, mas em Hong Kong isso é muito comum.
Na música, podemos destacar Jacky Cheung, Sammi Cheng, Leon Lai e as bandas de Cantopop como Twins, que são um sucesso.
Outro fator de sucesso é o econômico e financeiro. Hong Kong é um dos maiores centros financeiros do mundo, com uma bolsa de valores batendo de frente com Nova York e Londres.
Hong Kong conta ainda com um do melhores transportes públicos do mundo, com trens de alta velocidade, metrôs super modernos e ônibus autônomos já em teste pela cidade. Milhares de turistas são atraídos anualmente para Hong Kong.
de turistas.
Você já viu que a Hong Kong não é um país e faz parte da China, mas e a Mongólia? Descubra se a Mongólia é um país em nosso artigo completo sobre o tema.
Desafios futuros da Região Autônoma de Hong Kong
Hong Kong é uma região da Ásia extremamente próspera mas ainda assim tem enfrentado algumas questões críticas. O preço da moradia é absurdamente cara, viver em Hong Kong está cada vez mais caro. Isso tem feito com que os trabalhadores e profissionais acabem migrando para a China continental.
Apesar de 92% da população falar cantonês, a língua materna, o inglês é também uma língua oficial na região, falada por 60% da população e muito usado nos negócios e no turismo.
Apesar de ter um forte mercado global, Hong Kong ainda tem bastante dependência econômica da China. Manter o seu alto grau de autonomia está cada vez mais difícil. A China tem pressionado cada vez mais a região para que a sua integração aconteça antes mesmo de 2047. Em 2014, a publicação do chamado Livro Branco demonstrou o interesse da China em tornar o território mais integrado ao continente.

Por outro lado, parte da população de Hong Kong, chamada de honconguês ou honconguesa, quer manter a sua autonomia e quem sabe até tornar a região um país autônomo e completamente independente. O fato é que nos próximos anos, essa tensão entre autonomia e controle chinês vai continuar moldando o destino de Hong Kong.
O que podemos concluir é que essa região autônoma da China têm características excepcionais. Sua história complexa, sua economia poderosa, essa mistura cultural vibrante são alguns dos aspectos que torna esse lugar fascinante, mesmo com todos os desafios políticos que vem enfrentando.
Seja para um passeio turístico, para estudar chinês, ou como um polo cultural e econômico, o que podemos dizer é que essa região da China continua fascinando o resto do mundo.
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