Se antes na história da ginástica ela era dominada pelas potências como Estados Unidos, China e Rússia, agora é a vez do Brasil. O nosso país tem se destacado, e muito, no cenário internacional da ginástica, graças a uma geração de talentosas ginastas que tem conquistado cada vez mais medalhas em grandes competições.
Ao longo dos últimos anos, essas talentosas meninas superaram grandes desafios, falta de patrocínio ou investimento no esporte, concorrência acirrada e colocaram o nosso país em evidência em um esporte que até pouco tempo tinha pouca tradição no nosso país. Podemos dizer que 2024 foi o ano da Ginástica Artística brasileira e as Olimpíadas de Paris uma virada de chave para o esporte.
Essa nova geração de ginastas tem inspirado meninas por todo o país e atraído cada vez mais crianças para o esporte. E o nosso país só tem a ganhar com isso, afinal, precisamos de novas "Daianes" e "Rebecas" para manter a ginástica no topo dos pódios.
Daniele Hypolito
Antes de falar sobre as nossas atuais estrelas da ginástica, precisamos relembrar dois nomes que fizeram história nesta modalidade e certamente serviram de inspiração para a geração atual. A começar por Daniele Hypolito.
Daniele foi a primeira ginasta brasileira a subir em um pódio de um Campeonato Mundial. Em 2001, na Bélgica, Daniele conquistou uma inédita medalha de prata no solo e ainda ficou em quarto lugar no individual geral.
Hypolito ainda garantiu o feito de representar o Brasil em cinco edições dos Jogos Olímpicos, de 2000 a 2016. Além disso, Daniele acumulou durante a sua carreira seis medalhas de ouro em Campeonatos Pan-Americanos, três medalhas de prata em Jogos Pan-Americanos. Sua última competição oficial foi o campeonato brasileiro de 2021.
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Daiane dos Santos
Da mesma geração da Daniele, temos a nossa Daiane dos Santos. Daiane encantou o Brasil com seu sorriso e os seus duplos twists carpados. Foi inspiração para ninguém menos que Rebeca Andrade.
Foi a primeira ginasta brasileira a levar o Hino Nacional Brasileiro a ser tocado em um Mundial de Ginástica. Daiane conquistou o ouro no solo em 2003 nos Estados Unidos, derrotando uma adversária fortíssima, a romena Catalina Ponor, que conquistou o ouro olímpico no ano seguinte.
Daiane participou de três edições de Jogos Olímpicos, mas infelizmente não levou nenhuma medalha. Entretanto, foi em Atenas 2004 que Daiane apresentou o Duplo Twist Esticado, nomeado como dos Santos II e jamais tentado por outra ginasta em competições.
Confira a publicação de Daiane com o salto Dos Santos I. Um salto leva o nome da ginasta quando ele é executado uma primeira vez em uma competição oficial. Daiane fez o feito duas vezes, com o Duplo Twist Capado (Dos Santos I) e o Duplo Twist Esticado (Dos Santos II).
Apesar de não ter medalhas olímpicas, Daiane acumulou muitas medalhas em mundiais e Jogos Pan Americanos na sua carreira e certamente é um dos maiores nomes da nossa ginástica e ainda hoje é fonte de inspiração para a nova geração.
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Jade Barbosa
Jade entrou para ginástica ainda criança, acompanhou a equipe de ginástica em que Daniele e Daiane fizeram parte e hoje era a mais velha ginasta da equipe que conquistou o bronze olímpico por equipes nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024.
Foi um elo entre as duas gerações e uma peça fundamental na equipe que conquistou a primeira medalha olímpica na modalidade para o nosso país. Sua experiência de mais de 20 anos na ginástica foi fundamental para que ela pudesse liderar e orientar a equipe campeã.
Jade também foi a primeira ginasta a conquistar uma medalha de bronze no individual geral no Campeonato mundial de ginástica de 2007.
Jade Barbosa foi responsável por desenhar vários dos collants usados pela seleção olímpica. Há aproximadamente 6 anos ela começou a trilhar uma carreira também na moda.
@jadefbarbosa Collants 🤸🏼♀️ #ginastica #gymlover #pink #arrumesecomigo ♬ som original - Jade Fernandes Barbosa
Durante a sua carreira, Jade teve algumas contusões, mas sempre superou as adversidades e voltou para as competições de alto desempenho. Ao longo dos anos, ganhou maturidade e experiência, tornando-se uma referência para as colegas mais jovens da seleção.
Além de Jade Barbosa, o quinteto olímpico brasileiro que conquistou a medalha de bronze em Paris-2024 é composto por mais quatro grandes nomes, dentre eles estrelas consagradas como é o caso da Rebeca Andrade e da Flávia Saraiva, além de Lorrane Oliveira e da promessa Júlia Soares1.
Rebeca Andrade
Rebeca está no auge da sua carreira aos 25 anos. Conseguiu a marca histórica de ser a maior medalhista olímpica do Brasil, conquistando seis medalhas ao todo, sendo dois ouros, três pratas e um bronze.
Rebeca é sem dúvida um exemplo na ginástica e uma inspiração para a nova geração. Ela encantou todo o país com o seu sorriso, simpatia e talento. Apesar de ter apenas 1,55 metros de altura, podemos dizer que Rebeca é gigante. Mesmo depois de três cirurgias para reconstrução do ligamento, na última edição dos jogos olímpicos ela conquistou nada menos que quatro medalhas.
Nossa estrela da ginástica começou a treinar com apenas quatro anos e sua maior inspiração foi Daiane dos Santos, com quem treinou por algum tempo em 2009. Sua estreia internacional aconteceu em 2012, no Campeonato Pan-Americano de Ginástica Artística, com apenas 13 anos.
Com certeza Rebeca ainda estará em pelo menos mais uma Olimpíada, ou quem sabe duas e esperamos que ela continue brilhando e conquistando muitas medalhas.
A sua origem humilde, de uma família com sete irmãos e a mãe faxineira, torna as suas conquistas ainda mais relevantes. Sua resiliência e capacidade de recuperar de lesões e ainda manter um bom desempenho são admiráveis.
Além disso, Rebeca ainda é da mesma geração de Simone Biles, considerada a sua grande adversária. Competir com Simone é sem dúvida um grande desafio, mas isso não impede Rebeca de ter seu lugar na ginástica e nos pódios e ainda levar o carisma brasileiro para o mundo.
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Flávia Saraiva
Flávia Lopes Saraiva é a mais baixinha da nossa seleção, com apenas 1,42 metros de altura. Mas não se engane, apesar do pouco tamanho, o seu talento é enorme. A verdade é que as menores ginastas acabam conseguindo melhores desempenho, já que o esporte exige muito equilíbrio.
Saraiva já está em sua terceira competição olímpica. Em Paris, Flavinha conquistou o bronze com a equipe e ainda terminou na 9ª colocação no individual geral.
Com 24 anos, provavelmente ainda veremos muito a Flavinha em competições internacionais e representando tão bem o nosso país ao lado das suas amigas da ginástica.
Lorrane Oliveira
Lorrane é a dupla inseparável da Rebeca. As duas são muito amigas e estão sempre juntas gravando vídeos coreografados para o TikTok.
@loloo_santos Eu e minha gemea @Rebeca Andrade ♬ Buttons Remix - Showmusik
Mas como sabemos, não é só talento para a dança que elas possuem. Lorrane também é uma ginasta extremamente talentosa, como todas as que já falamos aqui. Certamente é uma peça importante para que o time Brasil conquiste medalhas por equipe.
Seu quadro de medalhas inclui conquistas em campeonatos mundiais, Jogos Sul-Americanos, Campeonatos Pan-Americanos, Copa do Mundo de Ginástica e Campeonatos Sul-Americanos.
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Júlia Soares
Júlia Neves Botega Soares é a caçula da nossa seleção, com apenas 19 anos. Sua especialidade é a trave, mas a Júlia também é ótima no solo e nas barras assimétricas.
Juju, como é carinhosamente chamada, começou na ginástica com apenas quatro anos, por influência da sua irmã mais velha, Giovanna. Sua grande referência é a ginasta Daniele Hypólito.
Além do bronze por equipes nos Jogos Olímpicos de 2024, Júlia foi prata com a equipe no campeonato mundial de 2023 e nos Jogos Pan-Americanos de 2023, ouro por equipe nos campeonatos Pan-Americanos de 2021 e 2022, bronze na trave em 2021 no mesmo campeonato Pan-Americano.
A montagem na trave com um flic flac com meia volta (180º) para a posição da vela, terminando no suporte frontal agarrando com as duas mãos sob a trave (essa entrada na trave do vídeo acima), recebe o nome de The Soares, uma vez que a Júlia foi a primeira atleta a executar.
Outros nomes importantes da ginástica
Além da nossa nova geração de talentosas ginastas, ainda tivemos algumas outras pioneiras. Mulheres que representaram o nosso país nos Jogos Olímpicos e que foram os primeiros nomes de ginastas, antes mesmo de Daiane e Daniele. Alguns nomes que foram destaques e um pequeno resumo do que fizeram2:
Claudia Magalhães
Primeira ginasta do Brasil em Jogos Olímpicos, representou o Brasil em Moscou em 1980 e conquistou a 31ª posição no individual geral.
Tatiana Figueiredo
Segunda representante do Brasil em uma Olimpíada. Foi aos Jogos de 1984 em Los Angeles e ficou na 27ª posição no individual geral. Tatiana agora é treinadora de outras atletas.
Luísa Parente
Foi a primeira ginasta que participou de duas edições de Olimpíadas, Seul em 1988 e Barcelona em 1992. Também foi a primeira medalhista individual em Jogos Pan-Americanos.
Referências
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