A terceira onda feminista surgiu visando corrigir as críticas sofridas na segunda onda feminista, que teve como uma das maiores referências Simone de Beauvoir. Em suma, os movimentos pós-estruturalistas surgiram a partir do ano de 1990.
De acordo com professores de história, esta onda buscava determinar a feminilidade com base nas experiências de vida de mulheres brancas integrantes da classe média-alta da sociedade.
Apesar de abranger uma parte de mulheres negras e trans, o movimento ainda é considerado elitista. Alguns cursos de história dizem que esta onda dura até os dias atuais. Outros cursos, entretanto, afirmam que a onda terminou rapidamente e que houve migração para a quarta.
A quarta onda, de acordo com eles, vem sendo marcada por “exclusão de termos” em que as mulheres não precisam se nomear por uma definição, como feministas, para fazerem parte de um movimento.
E então, quer saber mais sobre o assunto? Vem com o Superprof que vamos falar melhor sobre a origem do movimento da revolução feminina que surgiu no final do século passado.
Onda cultural e política
Um dos primeiros objetivos da terceira onda feminista foi combater as desigualdades sociais e culturais que as mulheres possuem em relação aos homens, solicitando melhores condições de trabalho e salários igualitários.
Hoje em dia, muitas empresas possuem o padrão, que antes não existia, em relação ao pagamento (salário) de seus funcionários, independente do sexo que possuem. Apesar disso, o oposto disso também é presente em muitas culturas.
Nascida no ano de 1969, a feminista, escritora e ativista, Rebecca Walker, chamou a atenção ao lutar por muitas causas. Há quem diga que ela mesma declarou a existência de uma nova onda ao declarar "Eu sou a Terceira Onda.". Um dos focos da sua luta era sobre o direito negro.
Inclusive, a escritora fundou um Fundo Sem Fins Lucrativos da Universidade Yale que teria justamente o objetivo de realizar esta transição, ao propor novas correções que não foram debatidas pelas mulheres que vieram antes dela.
Jennifer Baumgardner é outra mulher que se destacou neste contexto, ao lançar um livro que abordaria de forma profunda sobre bissexualidade, estupro e justiça nos direitos femininos.
Novas vertentes feministas surgiram com esta onda, adotando padrões que até então não existiam. Consequentemente, as mulheres negras começaram a ser incluídas nas causas.

- Uma das características da terceira onda do feminismo é a participação de mulheres negras e homens ao movimento - Fonte: Freepik
Redefinição dos termos feminismo e feminista
Com a terceira onda da revolução feminina, ficou mais claro para os professores e professoras de história que não é possível considerar o movimento feminista único e homogêneo. Afinal, são tantas vertentes que ocasionam características distintas entre si.
O feminismo negro, por exemplo, teve início na década de 80 e, posteriormente, começou e receber mair enfoque com a transição da década posterior. O argumento das mulheres que faziam parte do movimento era de que negras sofrem por dupla opressão, tanto pela cor da pele quanto pelo sexo.
Nênis Vieira, Xan Ravelli, Larissa Santiago, Maria Rita Casagrande e Charô Nunes argumentam que um dos aspectos que diferenciam o feminismo negro do feminismo tradicional é este profundo debate entre a raça e gênero, que acentua das desigualdades.
Há também o feminismo interseccional, que abrange o feminismo negro e outras causas, como as trans. As principais autoras que falaram sobre ele foram Avtar Brah, Anne McClinton e Kimberly Cranshaw.
Nesta terceira onda, os homens receberam a maior abertura para fazer parte do movimento, o que antes não era possível de forma tão direta - apesar de alguns nomes chamarem a atenção pela luta dos direitos femininos há séculos.
A origem feminista retoma séculos e, a cada nova década que passa, novas características foram acrescentadas ou retiradas das ideias principais. Os temas debatidos pela terceira onda não eram o enfoque da primeira, por exemplo.
Afinal, as mulheres de um ou dois séculos atrás argumentavam que deveriam ter o direito de votar, de expressar a opinião política. Dessa forma, a maioria desejava o direito ao sufrágio.
Questões abordadas na terceira onda do feminismo
Segundo os cursos de história, o que a terceira onda do feminismo tentava abordar e quais são as suas principais características? Continue a leitura com o Superprof para que possamos te ajudar com isso! Separamos uma lista de pontos a serem considerados.
Radicalização
Uma característica bastante presente, principalmente no feminismo liberal, é a radicalização. Conforme as autoras e ativistas, o gênero serve como dominação social para que os homens estejam sempre à frente da sociedade.
Por isso, terminar com as definições de homem e mulher seria uma forma de acabar, de uma vez por todas, com a opressão aplicada pelas associações ao sexo feminino.
Segundo afirmado por Phyllis Chesler, como a sociedade se organiza baseia-se exatamente em gêneros, e é isso que faz com que haja o surgimento de hierarquias e opressões.
A psicóloga Chesler afirma que muitas mulheres são taxadas de loucas quando não fazem o "papel de mulher” em suas casas, como ao limpar, cuidar dos filhos e do marido. De acordo com ela, a sociedade oprime aquelas que decidiram ter uma vida acadêmica ou profissão.
Simone de Beauvoir tem ideais semelhantes, afirmando que o conceito de família era responsável por controlar psicologicamente o sexo feminino.
Ecofeminismo
O ecofeminismo é outro ponto bastante presente neste movimento, visto que luta contra o desmatamento e as violações do meio ambiente.
No Brasil, uma das causas mais debatidas é em relação à Amazônia, considerada uma das maiores florestas do mundo e que, entre os anos de 2018 e 2022, esteve entre os alvos do governo de Jair Bolsonaro para retirada de madeira ilegalmente.
Tanto que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi acuado de fazer parte de um esquema de exportação ilegal de madeira para os Estado Unidos e Europa.
Neste movimento, mostra-se a importância de homens e de mulheres serem igualitários, sempre preservando o meio ambiente em que vivemos.
Segundo esta ideologia, é comum que, durante muito tempo, os homens tivessem controle sobre as mulheres devido à força que detinham para a caça. No entanto, no contexto atual essa força já tão valorizada, não é mais necessária.
Negros ganharam enfoque
Conforme a filósofa Angela Yvonne Davis, muitas mulheres negras trabalham e tem jornadas maiores que as suas colegas brancas, justamente pela dupla repressão que existe tanto por serem mulheres quanto por serem negras.
Como escravas, segundo Angela, essas mulheres acabaram se anulando, ofuscando-se por meio de um trabalho compulsório na tentativa de adquirir a independência desejada.
O sistema escravista determina que o negro é uma propriedade da sociedade e que deve servir, que não nasceu para mandar e liderar. Felizmente, com os novos movimentos da área, este pensamento vem mudando e se alterando em muitos países, apesar de ser bastante recorrente.
Marxista ou Socialista
No marxismo e socialismo, prega-se que é por intermédio da propriedade privada que muitos homens oprimem as mulheres, afinal, ao sofrerem com violência doméstica ou outras opressões, não conseguem sair de casa porque não têm para onde ir.
O capitalismo faz com que a mulher se torne dependente do homem quando para de trabalhar para cuidar da casa. Tendo, dessa forma, que aceitar muitas situações por falta de dinheiro, por não saber como se manter e não ter renda suficiente para isso.
Segundo esta ideologia, somente seria possível que as mulheres alcançassem os direitos igualitários após haver uma reformulação das leis em relação à propriedade privada.
O capitalismo em si, conforme afirmado por muitas ativistas da terceira onda da revolução feminista, criou uma estrutura de dominação sobre os homens e as mulheres. A única forma de sair dele seria exatamente a transição para o socialismo com uma posterior mudança ao comunismo.

- O feminismo marxista prega que somente com a destruição do capitalismo será possível ter direitos iguais - Fonte: Freepik
Os desafios ainda existentes
O movimento feminista sofre com muitos preconceitos em alguns países, inclusive em relação ao Brasil. No entanto, a internet e as redes sociais proporcionam debates entre mulheres e homens que apresenta o seu funcionamento de forma mais clara, fazendo com que muitos mitos fiquem para trás.
Apesar dos preconceitos existentes sobre o movimento, e os vários mitos, as redes sociais estão possibilitando que cada vez mais mulheres e homens tenham a oportunidade de entrar para o movimento.
O feminismo está morto?
Em uma publicação realizada pelo colunista Flávio Quintela, pelo Jornal Gazeta, o jornalista argumenta que o feminismo está morto porque as mulheres que fazem parte desses grupos de manifestações estão apenas "embriagadas" pelo direito de igualdade, que apenas se manifestam em países ocidentais onde são protegidas pelo Estado para realizar as manifestações.
Se queremos algum futuro civilizado, machismo e feminismo devem morrer juntos, de braços dados. A alternativa é preencher uma ficha de membresia na mesquita mais próxima.
No entanto, o movimento da terceira onda está bastante dividido, adquirindo vários pontos de vistas, desde a desigualdade de gênero à sustentabilidade.
Não há dúvidas, além disso, que o ocidente possui pensamentos e formas de agir diferentes que o oriente, e isso impacta também na forma como as mulheres se manifestam.
E então, tem mais alguma dúvida sobre o movimento? Comente conosco.









