A arte rupestre representa as expressões culturais dos nossos ancestrais humanos, com seus desenhos conservados em paredes de cavernas ou superfícies rochosas espalhadas pelo mundo.
Esse tipo de pintura, que pode ser encontrada em locais como a Caverna de Altamira na Espanha, Lascaux na França, ou até na Serra da Capivara no Brasil, é a prova das habilidades e da criatividade dos primeiros seres humanos que habitaram a terra.
Para além do seu valor estético, a arte rupestre permite que conheçamos um pouco mais da história desses humanos e servem como fonte de conhecimento sobre as técnicas e materiais usados por essas culturas antigas, principalmente sobre o que se refere a extração dos pigmentos e a transformação de itens com o uso de ferramentas por eles criadas.
A história e a importância dos pigmentos
A arte rupestre, descoberta em cavernas e rochas pelo mundo, compreende em gravuras feitas pelos nossos ancestrais e contam um pouco sobre a presença humana na era pré-histórica. Ela retrata crenças, rituais de caça, e o cotidiano dos homens das cavernas.

As imagens dessas pinturas retratam principalmente animais que eram importantes para a sobrevivência humana nessa época. Muitas dessas pinturas descobertas surpreendem pelo uso de cores de diferentes pigmentos e alguns por sua representação tridimensional. Além de retratar o cotidiano das caças, algumas dessas pinturas têm conotações de rituais espirituais.
A arte rupestre documenta as mudanças ambientais e culturais e ajuda a compreender as primeiras ocupações humanas em diversas regiões do mundo, contando um pouco da história da evolução da espécie.
Os pigmentos que eram utilizados pelos artistas rupestres eram extraídos de elementos disponíveis na natureza. Materiais como minerais, plantas e até mesmo elementos orgânicos eram triturados e misturados para se transformarem em tintas. O que mais impressiona é que essas tintas resistiram por milhares de anos e sobreviveram a diversos acontecimentos históricos.
Esses pigmentos tinham um papel importante na comunicação e expressão dessas culturas. As cores eram usadas com muito significado e estavam associadas a crenças ou rituais espirituais. E são essas cores que nos permite compreender um pouco mais sobre as interações dessas antigas sociedades com o meio ambiente.
As cores mais utilizadas
A criação dos pigmentos naturais pelos homens na pré-história exigia um conhecimento profundo dos materiais disponíveis e do processo de preparação para extração e criação das diferentes cores. Embora os métodos sejam diferentes conforme os recursos disponíveis em cada região, o processo seguia algumas etapas como a coleta da matéria-prima, a trituração e moagem, a mistura com algum tipo de ligante e por fim a aplicação na parede das cavernas.
- O tom ocre, que varia do amarelo, alaranjado, vermelho e marrom, era extraído do óxido de ferro ou de argilas e minerais.
- O preto era obtido a partir do carvão vegetal com a queima de madeira ou ossos.
- O branco era extraído do calcário, rocha comum em muitas regiões.

Algumas das regiões utilizavam matérias orgânicas como o sangue de animais ou substâncias extraídas de plantas, mas essas tonalidades tendem a ter uma menor durabilidade ao longo dos anos, mas também desempenharam um importante papel na paleta de cores da arte rupestre.
Para criar as cores, eram utilizados materiais como dióxido de manganês ou óxido de ferro, carvão vegetal, argilas ou outros minerais. Esses itens eram então misturados com algum ligante que podia ser água, óleo vegetal, gordura ou sangue de animais e até clara de ovo. Depois de misturados, os pigmentos eram aplicados nas superfícies rochosas com pincéis feitos com pelos de bichos.
Veja onde encontrar arte rupestre no mundo.
Extraindo pigmentos da natureza
Da era pré-histórica até os dias de hoje, a extração dos pigmentos a partir de elementos naturais evoluiu consideravelmente. Primeiro, os pigmentos eram usados para as pinturas rupestres ou corporais, depois os pigmentos passaram a ser usados para tingir couro ou tecidos, e por último para pintar papéis, alimentos e até cosméticos ou itens para casa.
As cores estão presentes no nosso dia a dia, e a natureza oferece muitas cores e tonalidades capazes de colorir a nossa vida. Na nossa cozinha, temos o exemplo da beterraba e do açafrão. Na porta de casa podemos encontrar a terra. O interessante dos pigmentos naturais é que não são tóxicos ou prejudiciais para a saúde como os elementos de origem sintética.
Os corantes naturais são os pigmentos que podem ser extraídos da natureza e que já existem por aí.
Ao misturar uma colher de açafrão com um pouco de água, é possível extrair o pigmento amarelo
É possível criar o marrom a partir do café torrado e moído, o rosa ou roxo a partir da beterraba ou da amora, o verde a partir do espinafre, algas ou erva mate ou o lilás a partir do repolho roxo.
As primeiras tintas que temos notícia, da era pré-histórica, eram extraídas de metais, rochas e carvão, principalmente. Hoje a natureza nos oferece muitas opções de cores que podemos extrair pigmentos. No Brasil, por exemplo, os indígenas extraíam a cor vermelha do Pau-Brasil ou do urucum.

Os povos originários de várias regiões utilizam os pigmentos disponíveis na natureza para as pinturas corporais e faciais dos rituais das tribos.
A busca por alternativas mais sustentáveis e o uso de tintas naturais e orgânicas é uma resposta positiva do ponto de vista da preservação da natureza e uso de opções mais saudáveis. A partir do reaproveitamento de resíduos orgânicos, é possível produzir tintas vegetais. Cascas, folhas, frutas, legumes, raízes, verduras e até a terra são fontes de matéria prima para extrair cores naturais.
As tintas normalmente são a junção de dois compostos: PIGMENTO + AGLUTINANTE. Os aglutinantes mais comuns são óleo, goma, clara de ovo. As tintas podem ser obtidas no processo de maceração, liquidificação, cocção, infusão ou fricção.
Alguns exemplos de cores e como obter através de elementos:
- Amarelo: açafrão ou girassol
- Laranja: cedro e urucum
- Rosa: amora, beterraba, repolho roxo
- Vermelho: beterraba, jabuticaba ou pau-brasil
- Marrom: café ou casca de cebola torrada
- Roxo: açaí, hibisco ou uva
- Azul: amora ou repolho roxo
- Verde: erva-mate ou espinafre
Além do elemento e do aglutinante, é comum usar também um ingrediente para fixar ou conservar.
Exemplos de aglutinantes naturais:
- Gema ou clara de ovo
- Baba de babosa
- Goma de polvilho
- Óleo de linhaça
- Baba de cacto
- Soro de Leite
Exemplos de fixadores e conservantes:
- Limão
- Vinagre
- Cola branca
- Jenipapo
- Bicarbonato de sódio
- Sal Grosso
O processo de criação de tintas a partir de ingredientes naturais revela um conhecimento profundo do meio ambiente e melhora a nossa capacidade de ser criativo. As técnicas de aplicação das cores extraídas da natureza há milhares de anos, ainda hoje pode ser replicada e utilizada para pintar um quadro, por exemplo.
Você pode fazer uma aula de desenho ou um curso de pintura para aprender mais sobre os pigmentos naturais e sobre a evolução da história da arte, desde as pinturas rupestre até os dias de hoje.
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Como criar tintas naturais?
Durante muitos anos a expressão tinta natural nem existia, já que todas as cores e tonalidades eram obtidas a partir de elementos disponíveis na natureza. Foi só a partir do século XIX, no ano de 1856 que começou-se a criar tintas feitas a partir de compostos químicos em laboratório.
O problema dos corantes sintéticos é que em sua maioria derivam do petróleo e são um grande risco para a nossa saúde. Por essa razão, muitos países proibiram o uso de corantes químicos na indústria alimentícia ou nos cosméticos, por exemplo. E por isso, a busca por elementos coloridos naturais é uma tarefa essencial em busca de uma vida mais saudável.
Muitas cores podem ser extraídas através de elementos naturais e ingredientes disponíveis na nossa flora, que é extremamente rica e diversa. Você consegue criar cores até mesmo a partir de materiais e ingredientes que tenha em casa, na sua cozinha.
Descobrir o poder de extrair tintas de diferentes espécies de plantas é uma forma mais ecológica de colorir a nossa vida, principalmente na indústria têxtil, que tem um alto índice poluente. O descarte do corante sintético utilizado no tingimento dos tecidos que é eliminado na natureza, polui os rios e o meio ambiente, prejudicando a manutenção do bioma e a saúde do nosso planeta.
As cores extraídas a partir de elementos naturais na arte rupestre representam os primeiros exemplos da habilidade humana de transformar os recursos naturais com o uso de ferramentas por eles desenvolvidas, para manifestar e retratar a sua cultura. A arte, desde essa época, já revela a capacidade de criação da espécie humana.
Essas tintas resistiram ao tempo e permitem que conheçamos um pouco da história e da evolução dos primeiros homens que viveram na terra. Ao estudarmos um pouco mais sobre esses pigmentos e suas técnicas de aplicação, nos permitimos compreender sobre como viviam as primeiras civilizações humanas, bem como a evolução da arte e da pintura ao longo dos anos.